Antes de discursar, conheça as regras básicas da boa oratória

402183-curso-falar-em-publicoFalar bem em público é um dom inato. Mas isso não significa que os desprovidos desse talento não possam treinar e adotar uma fala clara e persuasiva, comunicando-se com eficiência.

Poucos nascem com o dom de falar bem, assim como poucos são os que nascem com o dom da musicalidade ou do desenho. A capacidade de falar bem, como tantas outras áreas do conhecimento, resulta do aprendizado para a imensa maioria das pessoas. A oratória, quando analisada como um corpo de conhecimentos, possui regras e técnicas próprias que podem e devem ser aprendidas,por quem precisa usá-la como um instrumento. São essas regras e técnicas, bem como conselhos e advertências úteis para falar em público, que convém ser estudadas pelos políticos. Esta é a primeira conclusão que deve ficar estabelecida, antes de entrar-se propriamente no assunto.

A oratória política exige clareza e simplicidade para ter efeito
A segunda refere-se ao preconceito com que se trata a oratória, como a adoção de uma linguagem afetada, pomposa e artificial. Não se deve confundir este estilo, que foi dominante no passado, com seu verdadeiro sentido, como uma técnica de comunicação pela palavra falada. A oratória política deve ser praticada dentro da concepção de uma linguagem clara, acessível e simples, mediante a qual se realiza uma comunicação eficiente entre o candidato e o eleitor.

O objetivo de capacitar-se para falar bem em público é alcançar um grau de comunicação eficiente. E comunicação, como muito bem dizia David Ogilvy, o mago da publicidade, não é o que você diz: é o que os outros entendem. Este foi o verdadeiro sentido de toda a comunicação, em todos os tempos, desde os clássicos até os dias de hoje. O verdadeiro objetivo da oratória é a boa comunicação – e não a satisfação provocada pela eloqüência oca ou por um linguajar pomposo que, ainda que provoque admiração, não tem eficiência como peça de comunicação.

Sua sensibilidade política em relação ao tema, ao público, ao momento e aos adversários sempre será mais importante que qualquer regra. O que se deseja é proporcionar recursos para disciplinar esta sensibilidade, de forma a que ela resulte no máximo de eficiência possível.

A primeira regra da boa oratória, na fase anterior ao discurso – aparentemente óbvia, embora costumeiramente desconsiderada – é pensar antes de falar. Pensar bem e chegar a um a mensagem reduzida do que se deseja comunicar. Sem este exercício prévio, realizado com clareza, permitindo chegar-se a uma mensagem reduzida ao seu essencial, dificilmente a peça oratória será eficiente.

A fala: adequada a cada público
A segunda regra da boa oratória, também na na etapa que antecede discurso, é a da propriedade e adequação. Você vai falar para um público determinado, num momento específico, num espaço com características próprias, com uma audiência que pode ser grande, média ou pequena, constituindo, este conjunto de fatores, um clima que pode ser de curiosidade e interesse por sua fala – ou de confraternização, sociabilidade e conversação entre os participantes. Expressar-se oralmente com propriedade e adequação significa adaptar sua fala àquele público – e não a uma audiência abstrata que só existe na sua cabeça ou no seu desejo.

Antes de mais nada, você terá que conseguir que ele se interesse pelo que tem a dizer. Depois, você vai ajustar sua fala ao espaço de tempo a que os ouvintes estarão dispostos a prestar atenção. Além disso, você deverá adequar sua linguagem ao entendimento deles. Por fim, você deverá decidir – em função do público, do estado psicológico em que se encontra e do tema que constitui sua mensagem – a forma de emissão da fala: mais ou menos emocional e racional; mais ou menos eloquente; o ritmo e a intensidade de sua voz. O discurso – que você trará pronto na cabeça ou no papel – deve se ajustar à “ecologia” própria daquela situação.

Por isso o orador político, esteja ele em campanha ou no poder, não deve jamais encarar sua fala como um dever excedente do qual se deve desincumbir. Quem está em campanha precisa levar mais a sério tais advertências. E quem já está no poder tende a desconsiderá-las, porque sempre tem coisas mais importantes a fazer. Politicamente, trata-se de um erro grave encarar sua fala de forma burocrática ou como uma lamentável perda de tempo. São oportunidades preciosas para contatar o eleitor, criar vínculos com ele e fixar a imagem – mesmo estando no governo e ainda distante da próxima eleição.

Fonte: Política para Políticos

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