Da redação do Conectado ao Poder
Novas denúncias e apoio de parlamentares alimentam movimento no Congresso contra o ministro do STF
Mobilização parlamentar intensifica pressão
Parlamentares bolsonaristas estão ampliando sua mobilização para pressionar pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes, especialmente com a aproximação das eleições municipais de 2024. A estratégia visa não apenas fortalecer a elegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas também desestabilizar a posição de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A cúpula do PL, partido de Bolsonaro, já discutiu o tema, que deve ser uma das bandeiras das campanhas municipais.
Denúncias de perseguição política
O movimento ganhou tração após reportagens da Folha de S. Paulo revelarem que Moraes teria utilizado a estrutura do Judiciário para perseguir adversários políticos ligados a Bolsonaro. O jornal obteve acesso a mensagens e áudios, supostamente trocados entre membros dos gabinetes de Moraes, que indicariam a manipulação de processos e investigações para atingir figuras do entorno do ex-presidente. Segundo a Folha, as informações foram extraídas de um celular e não por meio de vazamentos ou invasões hacker.
Ação de Damares Alves no CNJ
Em resposta às revelações, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), uma das principais aliadas de Bolsonaro, protocolou um pedido de investigação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra os juízes Airton Vieira (STF) e Marco Antônio Vargas (TSE), ambos próximos de Moraes. Damares acusa os magistrados de forjar provas e desrespeitar normas processuais, atos que, segundo ela, “maculam a boa imagem da magistratura nacional”. O pedido é visto como mais uma tentativa de desgastar Moraes, que tem sido um alvo constante da bancada bolsonarista.
Reações no Senado: Pacheco tenta conter crise
Enquanto a ala bolsonarista pressiona pelo impeachment e articula a criação de uma CPI, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem adotado uma postura mais contida, buscando evitar que a crise se intensifique. Pacheco chegou a ligar para colegas na tentativa de “esfriar” o clima no Congresso, argumentando que as ações de Moraes devem ser avaliadas com cautela. Essa postura, porém, tem gerado críticas de parlamentares como Eduardo Girão (Novo-CE), que cobram uma atuação mais firme do Senado.
Apoio e críticas: divisões no Congresso
A atuação de Alexandre de Moraes tem dividido opiniões no Congresso. De um lado, senadores como Humberto Costa (PT-PE) defendem o ministro, alegando que suas ações durante as eleições estavam dentro de suas prerrogativas como presidente do TSE. Costa argumenta que a Justiça Eleitoral possui um papel atípico e proativo, o que justifica as decisões tomadas por Moraes naquele contexto.
Por outro lado, figuras como o deputado Alberto Fraga (PL-DF) condenam as ações do ministro e já preparam um pedido formal de impeachment. Fraga considera as denúncias divulgadas pela Folha de S. Paulo “estarrecedoras” e critica o que ele vê como uma complacência dos demais membros do STF.
O futuro da ofensiva contra Moraes
Com a intensificação das campanhas municipais e a crescente mobilização de seus aliados no Congresso, o futuro político de Alexandre de Moraes permanece incerto. A batalha promete se acirrar nos próximos meses, com implicações significativas tanto para o STF quanto para o cenário político nacional. Enquanto isso, o destino do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua possível candidatura em 2026 também dependem do desenrolar dessa complexa disputa jurídica e política.