Sudão: Novo relatório expõe violações cometidas em acampamento de deslocados

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Um novo relatório do Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos detalha assassinatos generalizados, violência sexual, tortura e sequestros cometidos durante a ofensiva no Sudão que ocorreu em três dias de abril neste ano.

A publicação apresentada esta quinta-feira, em Genebra, destaca a atuação das Forças de Apoio Rápido, RSF, por levarem a cabo as ações registradas no acampamento de deslocados internos de Zamzam.

Sobreviventes e testemunhas

O documento baseia-se no acompanhamento realizado por especialistas em entrevistas realizadas em julho de 2025, com 155 sobreviventes e testemunhas do Sudão que vivem no leste do Chade.

Pelo menos 1,013 civis foram mortos na ofensiva entre 11 e 13 de abril, descrita no relatório como “um padrão consistente de graves violações do direito internacional humanitário e abusos graves do direito internacional dos direitos humanos”.

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Dos mortos, 319 foram executados no acampamento ou enquanto tentavam fugir. Alguns foram assassinados durante buscas que tiveram lugar em casas, outras em escolas, instalações de saúde e mesquitas.

Mais de 400 mil habitantes do acampamento foram deslocados, uma vez mais, devido ao ataque.

Testemunhos de sobrevivência

Um líder comunitário sobrevivente contou como dois combatentes das RSF mataram aleatoriamente oito homens, ao introduzir suas armas por pequenos buracos na janela da sala onde ele e outros 10 homens se escondiam.

Uma mulher que regressou ao acampamento no dia seguinte ao ataque mortal, em busca do seu filho desaparecido de 15 anos contou que viu “cadáveres espalhados pelas estradas” e não encontrou o seu filho naquele dia.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, afirmou que “deve haver uma investigação imparcial, completa e eficaz sobre o ataque ao acampamento de deslocados internos de Zamzam.”

Violência sexual elevada

O relatório também detalha padrões de violência sexual relacionada com o conflito. Pelo menos 104 sobreviventes, incluindo 75 mulheres, 26 meninas e três meninos, a maioria deles do grupo étnico Zaghawa, foram vítimas de abusos.

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Os atos incluem violação coletiva e escravidão sexual, tanto durante o ataque ao local como ao longo das rotas de saída.

O relatório revela que a violência sexual parece ter sido deliberadamente utilizada para infligir terror à comunidade.

Bloqueio à entrada de alimentos

Nos meses que antecederam o ataque, as RSF bloquearam a entrada de todos os alimentos, água, combustível e outros bens essenciais para a sobrevivência da população civil no acampamento de deslocados internos de Zamzam.

Aqueles que tentavam trazer suprimentos foram atacados, com cerca de 26 pessoas detidas e alegadamente executadas ao longo da estrada entre o acampamento de deslocados internos de Zamzam e Tawila.

Para sobreviver, muitas famílias recorreram a alimentar crianças com ração animal, como cascas de amendoim.

“O mundo não pode ficar parado”

O alto comissário renovou o seu apelo a todos os Estados para que ajam com urgência para impedir a prática de crimes sob o direito internacional pelas partes em conflito.

Turk solicitou ainda que seja intensificada a pressão sobre os lados em conflito para pôr fim à violência em Darfur, e noutros locais.

O chefe de Direitos Humanos afirma que as conclusões do relatório são mais um “forte lembrete da necessidade de ação imediata para acabar com os ciclos de atrocidades e violência e garantir a responsabilização e reparação das vítimas”.



Fonte: ONU

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