GDF resiste em encerrar contrato com posto suspeito de praticar cartel

posto-combustivel-marcelo_brandt_g1_6Donos da Auto Posto Millennium 2000 são investigados pela PF e o MP. Empresa recebeu R$ 126,84 milhões dos cofres do governo desde 2009.

O governo do Distrito Federal tem contrato assinado com um posto de combustível cujos donos foram apontados pela Polícia Federal e o Ministério Público como responsáveis por combinar o preço da gasolina. Apesar das suspeitas, o GDF diz que encerrar o contrato com a empresa “pode acarretar prejuízos à população e a consequente contratação emergencial de outra empresa ocasionar o aumento dos gastos públicos”.

Empresário paranaense, Cláudio José Simm foi preso em 24 de novembro durante a operação Dubai. O colega dele, Marcos Pereira Lombardi, foi objeto de um dos 25 mandados de condução coercitiva. Os dois são sócios da Auto Posto Millennium 2000, que tem contrato com o GDF há pelo menos sete anos. Desde 2009, a empresa recebeu R$ 126,84 milhões dos cofres do governo local. Ambos são suspeitos de aumentar em 20% o preço da gasolina no DF. Eles negam.

No contrato que a empresa tem apenas com órgãos da administração direta (o Palácio do Buriti e as secretarias), o GDF desembolsou pelo menos R$ 7.413.368 só neste ano. O acordo foi assinado em 2013 e tem validade até outubro ano que vem. A empresa venceu a licitação após se comprometer a cobrar 2,26% a menos que o preço médio da gasolina do DF. Segundo o governo, até 2.913 veículos oficiais são abastecidos em um mês.

O GDF informou que a empresa venceu a licitação de forma regular e afirmou que todos os contratos estão sujeitos a mecanismos de controle. “A Procuradoria-Geral do Distrito Federal ainda não informou sobre irregularidades na licitação nem na execução do contrato. Ademais, nenhum órgão de controle externo encaminhou, até o momento, notificação a respeito do assunto em questão”, disse o governo, em nota.

Sobre o fato de manter acordo com uma rede de postos cujos donos são acusados pelo MP de formar cartel, o governo alegou que o contrato é “firmado com a empresa, não com pessoas jurídicas”.

No sistema da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que regula o setor, existem nove registros de postos pertencentes à Auto Posto Millennium 2000 no DF. Somente seis têm autorização para atuar. Dois postos da rede estão com autorização revogada pela ANP e um outro está impedido de funcionar porque a licença ambiental venceu. O contrato com o governo não determina em qual unidade a frota do GDF deve abastecer.

Portaria da Cascol, uma das distribuiboras de combustíveis alvo de operação da PF e do Ministério Público (Foto: Gabriel Luiz/G1)Portaria da Cascol, uma das distribuiboras de combustíveis alvo de operação da PF e do Ministério Público (Foto: Gabriel Luiz/G1)

O advogado de Marcos Pereira Lombardi, Walter Moura, afirmou que “o processo obedeceu ao certame de licitação, foi público e aberto, não havendo nenhuma vinculação entre as acusações [sobre cartel] e o contrato com o GDF”. O G1 não conseguiu contato com Cláudio José Simm até a publicação desta reportagem.

À TV Globo, a defesa de Simm, negou as acusações e afirmou que o empresário teve de entregar o passaporte. Ele está proibido de deixar o DF sem autorização judicial. Em caso de desobediência, a Justiça pode decretar a prisão de Simm por tempo indeterminado. Todos os sete empresários do ramo de combustíveis foram soltos no dia 30 de novembro, quando venceu o prazo da prisão temporária.

Previsão de queda nos preços
No dia da operação da Polícia Federal, o superintendente regional do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Eduardo Frade, disse estimar que os preços dos combustíveis no DF caiam até 20% com a desarticulação de um suposto esquema de cartel envolvendo distribuidoras e empresas donas de postos.

A previsão de queda nos preços dos combustíveis, no entanto, pode demorar a ser sentida no bolso do brasiliense. “Não necessariamente isso acontece do dia para a noite”, afirmou Eduardo Frade. “Estima-se que cartéis elevem o preço do produto em pelo menos 20%. Pegando 2014, o faturamento apresentou um sobrepreço de até R$ 1 bilhão.”

Fonte: G1

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