Alguns apoiadores do parlamentar avaliam até a possibilidade de ele renunciar à Presidência da Câmara para escapar do processo de cassação.
O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), volta a ser o centro das atenções nesta curta semana de atividades parlamentares. Aproveitando o vazio de votações importantes — devido às festas de São João, o Congresso estará esvaziado —, Cunha vai se reunir hoje pela manhã com os principais aliados em reunião na casa dele e promete fazer um pronunciamento à imprensa amanhã, às 11h, no Hotel Nacional. A principal especulação é de que Cunha esteja avaliando a possibilidade de anunciar a renúncia à presidência da Câmara.
A tese de abdicar da principal cadeira da Câmara para preservar o mandato e se defender no Supremo Tribunal Federal é sustentada pelos aliados mais próximos dele. “O que se poderia tentar argumentar é que já houve uma punição muito grave contra ele (Cunha). Então, defendemos um julgamento no STF, menos contaminado pela política. Ele já teve uma punição violenta, está afastado, comandou processo de impeachment que trouxe ódio e o mais justo é que seja julgado no STF”, afirmou o deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
Um peemedebista argumenta que Eduardo Cunha vai aproveitar a reunião de hoje para medir a força que ainda tem na Câmara, mesmo após o afastamento do Supremo e, com base nisso, avaliar se anuncia uma saída “honrosa” para se dedicar à defesa na Corte máxima. “Ele pode propor uma renúncia em troca de ser salvo de uma possível cassação em plenário.”
Na avaliação de outro aliado, a reunião é uma maneira de se inserir novamente no meio político e tentar se desvencilhar dos rumores de que fará delação premiada e entregará deputados. “Ele vai dizer que vai lutar até o fim e que não há o que se delatar porque não existe crime. É a oportunidade de ele sair dessa prisão domiciliar espontânea que está vivendo. É uma semana curta e ele vai aproveitar para fazer a sua defesa, sair das especulações e voltar a dialogar com jornalistas”, considerou um deputado. Alguns aliados devem se ausentar da reunião para evitar associações à obstrução da cassação.
Fonte: Correio Braziliense