João Alberto Fraga Silva, 58 anos, mais conhecido como Fraga (DEM), foi o deputado federal eleito mais bem votado, com 155.056 votos, o que corresponde a pouco mais de 10% do eleitorado. Fraga disse que recebeu o resultado das urnas com naturalidade e prometeu continuar defendendo pauta relacionadas à segurança pública. O seu discurso forte, baseado na segurança pública, é sem dúvidas o carro-chefe de sua trajetória política. Fraga é coronel da reserva da Polícia Militar do DF. Esse será seu quarto mandato de deputado federal. Ele que também já ocupou o cargo de Secretário de de Transportes do DF, nas eleições de 2010 tentou uma vaga para o Senado, mas não foi eleito.
Na Secretaria de Transportes, Fraga desenvolveu ações com objetivo de moralizar e modernizar o sistema de transporte público do DF. Fraga nasceu em Estância, Sergipe. Mais bem votado no DF diz que vai continuar defendendo mais segurança. O parlamentar garante que quer continuar trabalhando pelo setor. Na vida pública defende pautas polêmicas como a redução da maioridade penal e o fim do benefício de saídas temporárias para presidiários em datas especiais.
O senhor foi o deputado federal mais bem votado no DF. Como foi receber essa notícia?
Eu trabalhei muito para isso e esperava um bom resultado. Com naturalidade fiz um trabalho consistente, uma campanha limpa e bonita. Esperava ter uma votação expressiva, pois minhas propostas eram coerentes e são defendidas pela sociedade há algum tempo. Agora é trabalhar duro para que todas sejam aprovadas e sancionadas. Eu queria agradecer aos meus eleitores e dizer que eu sempre fui fiel e coerente com minhas propostas.
Quais serão suas prioridades em seus primeiros dias de mandato?
Vou organizar meu plano de trabalho para saber quais os caminhos que vou percorrer. Uma das prioridades será acabar com a maioridade penal. Já nos primeiros dias começarei a buscar assinaturas nas ruas e na internet. Como o nosso candidato a presidente da República, Aécio Neves (PSDB), perdeu precisaremos fazer uma grande mobilização para que o projeto seja colocado em votação no Congresso Nacional. Ele era um dos maiores apoiadores da proposta. O PT deixou claro que é contra a discussão do tema, então vou precisar do apoio popular para colocar o assunto na pauta de discussões.
Reconhecido como especialista em segurança pública, como pretende trabalhar a questão aqui no DF?
Serão várias vertentes. Se melhorarmos o ordenamento jurídico e a legislação é evidente que a segurança pública do Distrito Federal irá melhorar. A legislação é nacional por exemplo, se conseguir acabar com o saidão a lei irá valer para todo o Brasil. Com o fim do saidão vamos evitar que os bandidos que deveriam estar na cadeia cometam crimes nas ruas. Essa é uma das minhas principais bandeiras. Pessoas que são reincidentes e que tenham vasta ficha criminal não podem continuar andando pelas ruas livremente, colocando a vida do cidadão de bem em risco. Lugar de bandido é na cadeia.
Como pretende acabar com os saidões dos presos perigosos?
Alterando a lei de execuções penais. O preso não tem mais medo de ser preso porque sabe a quantidade de benefícios que recebe após a condenação. Temos que encarar esse problema ou então teremos que conviver com o aumento da violência. Hoje o que vemos é o cidadão de bem preso dentro de casa e os bandidos soltos nas ruas, os papeis estão invertidos. Isso não pode continuar.
Porque acredita que a maioridade penal acabará com a impunidade do menor infrator?
Em Brasília, 30% dos crimes contam com a participação de um menor infrator e a cada uma hora um menor é apreendido cometendo um delito. Não tenho dúvida que a punição irá inibir a participação de menores nos crimes ou que assumam determinados delitos. Em alguns casos o menor assume o crime, pois não serão punidos. Não acredito que as medidas socioeducativas seja uma punição. Defendo que se um menor cometer um crime e tiver consciência do que fez seja punido como um adulto. Chega de passar a mão na cabeça de bandido. Viramos reféns do medo.
O que acha sobre o porte legal de armas?
Sempre defendi que o cidadão de bem tenha o direito de comprar uma arma para ter dentro de casa e defender sua família. Estamos falamos de posse e não de porte. A posse tem que ser permitida para todo cidadão de bem que queira defender sua propriedade, sua família e a sua própria vida. O porte não defendo. Uma pessoa portando uma arma se envolve em uma briga de trânsito e pode causar uma tragédia em um momento de descontrole emocional. O cidadão de bem, trabalhador e sem ficha criminal pode comprar uma arma e se quiser usar nas ruas terá que seguir os requisitos previstos no estatuto do desarmamento.
O senhor foi secretário de Transporte no governo de Arruda. Quanto a esse setor, o que pretende fazer para melhorar?
Quando fui secretário de Transportes fiz todas as mudanças necessárias. Todo o processo de desenvolvimento do transporte urbano foi desenvolvido durante minha gestão. Implantei o bilhete eletrônico, coloquei os primeiros ônibus com acessibilidade, colocamos TVs dentro dos ônibus, criamos os corredores exclusivos, passe livre estudantil e acabamos com os aumentos anuais das tarifas de ônibus. A primeira licitação foi realizada na minha gestão, diferente do que o governo PT fala. Tiramos das ruas uma frota com idade média de doze e deixamos uma com menos de três anos. Agora é papel do governo que vai assumir cuidar do sistema público de transportes.
O DF tem áreas carente de atenção. A saúde, por exemplo, é uma delas…
A saúde passa por um problema de gestão. Dinheiro nunca faltou para o setor no DF. Boa parte dos recursos que a saúde e educação recebem são custeadas pela Fundo Constitucional. O que quero fazer e destinar emendas às áreas para ajudar na parte de recursos, caso seja necessário. Agora a gestão precisa ser feita pelo Governo do Distrito Federal com apoio dos deputados distritais.
Quais as pretensões na vida política para 2018?
Não posso adiantar absolutamente nada. Vai depender do sucesso do mandato e saber o que a população quer. Não adianta ser candidato de nós mesmos. A decisão só será tomada daqui algum tempo. O caminho natural seria o Senado ou quem sabe o governo. Agora a prioridade é trabalhar e aprovar minhas propostas de campanha e honrar cada voto de confiança que recebi.
O que espera do governo Rollemberg?
Espero que o governador eleito cumpra o que ele prometeu na campanha. É claro que vou posicionar, mas tenho que dar um tempo para que ele possa fazer um trabalho. Vale ressaltar que Rollemberg irá assumir um governo com muitos problemas. Se ele não cumprir os compromissos que assumiu irei para a oposição fazer as críticas necessárias, mas com responsabilidade. O político não é obrigado a prometer nada, mas depois que se compromete precisa cumprir. Rollemberg afirmou que faria um governo diferente que acabaria com a corrupção e coisas erradas. Vou aguardar o início do governo e é evidente que vou fiscalizar e o que estiver errado irei denunciar.
Fonte: Blog do Callado