Na lista, pelo menos 64 parlamentares de partidos da base aliada apoiaram requerimento para investigar os empréstimos do banco. Entre os nomes estão Tiririca e Maluf.
A oposição informa ter conseguido as assinaturas necessárias para criar, na Câmara dos Deputados, a CPI do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Os adversários do Palácio do Planalto conseguiram a adesão de 200 parlamentares. Os autores da proposta anunciaram a notícia na CPI da Petrobras, no momento em que prestava depoimento o presidente do banco, Luciano Coutinho.
Se instalada, a nova CPI se destina a investigar empréstimos considerados suspeitos e prejudiciais ao interesse público, realizados pelo banco entre 2003 e 2015. Na lista, estão contratos firmados com empreiteiras fornecedoras da Petrobras e hoje investigadas na Operação Lava-Jato, além de financiamentos no exterior, em países como Cuba e Angola.
Coutinho disse há pouco na CPI que a instituição não descarta reavaliar projetos financiados pela instituição que envolvam empresas investigadas na Operação Lava-jato. “Nossa obrigação é zelar pela melhor prática bancária”, afirmou. “Contratos realizados juridicamente perfeitos podem ser reavaliados se houver mudança de classificação de risco.”
Embora tenha observado que essa questão não estaria entre as razões que o levaram ao Congresso Nacional nesta quinta-feira (16), Coutinho disse que o banco está cumprindo o que dizem as leis que regem a prática bancária quanto a ilícitos como os que estão sendo investigados na Lava-Jato.
Coutinho presta depoimento para falar sobre a Sete Brasil, criada em 2009 para construir sondas para o pré-sal. Resultado de complexa engenharia financeira que envolve instituições no Brasil e no exterior, incluindo o BNDES, a Sete subcontratou estaleiros suspeitos de pagar propina a ex-diretores da Petrobras e ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, de acordo com o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco e com o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, ambos delatores do esquema de corrupção. Esses estaleiros têm entre seus fornecedores empreiteiras investigadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
O economista fez uma defesa da Sete Brasil e ressaltou sua importância para o desenvolvimento da cadeia produtiva de óleo e gás no país. Ele disse que Pedro Barusco foi impreciso ao afirmar que o banco foi o principal financiador da empresa. “Nenhum recurso foi desembolsado para a Sete Brasil”, afirmou Coutinho. “O BNDES seria o principal financiador, mas não houve valores desembolsados.”
Coutinho explicou que o projeto enfrenta dificuldades e que atravessa por uma fase de redimensionamento. “O processo se desarrumou”, disse. Um dos estaleiros contratados pela empresa, acrescentou, rompeu unilateralmente o contrato De forma direta e indireta, a Petrobras tem participação de 9,4% no capital da Sete.
À frente do BNDES desde 2007, Coutinho disse que chegou ao posto a convite do ex-ministro da Indústria e Comércio Exterior Miguel Jorge. Ele explicou procedimentos do banco para a concessão de crédito. Disse que são todas decisões colegiadas. “Não existem decisões monocráticas. A depender do caso, os processos decisórios envolvem 40, 60 pessoas”, afirmou. “É impessoal, rigorosamente técnico.” Como exemplo desse alegado rigor técnico que norteia as operações da instituição, Coutinho disse que o BNDES é o banco que tem a mais baixa inadimplência do Sistema Financeiro Nacional.
Fonte: Fato Online