A divulgação de casos de automutilações e tentativas de suicídios de crianças e adolescentes em todo o País acendeu um sinal de alerta da sociedade. Por meio de um jogo mortal chamado “Baleia Azul”, desafios macabros que culminam com a autoexecução estariam sendo impostos a jovens por meio das redes sociais. No DF, uma família registrou queixa na Polícia, em Sobradinho. O assunto mobilizou iniciativas Câmara Federal e na Câmara Legislativa do DF.
O deputado distrital Cristiano Araújo (PSD) usou uma rede social e a tribuna da Casa para alertar a sociedade mobilizar órgãos como as polícias Civil e Federal (PF), Vara da Infância e até o Facebook contra o jogo de desafios.
“Não podemos permitir que crianças e adolescentes se martirizem e até se matem em razão de um jogo. Sou pai e farei tudo o que estiver ao meu alcance para impedir que nossos filhos sejam vítimas desse crime”, alertou.
Na Câmara Federal, o deputado Sandro Alex (PSD-PR) apresentou requerimento para a realização de uma audiência pública com a participação de representantes da PF, do WhatsApp e do Facebook. “A sociedade está alarmada com casos de mutilação e suicídio”, argumentou.
O deputado Áureo Ribeiro (SD-RJ) apresentou um projeto de lei que aumenta a pena de quem induzir outro ao suicídio por meios digitais e torna crime o incentivo, pela internet, à automutilação ou à exposição ao perigo.
Diálogo – Para a psicanalista Alenne Namba, o Baleia Azul, apesar de ser um real motivo de preocupação, não possui a capacidade de criar o desejo de morte por si só nas crianças e adolescentes. Ela entende que a internet não é a única alternativa para colocar em andamento esse desejo.
“Se as coisas estão equilibradas e saudáveis na vida deles e, de repente, eles se envolvem com esse tipo de jogo por curiosidade, dificilmente esse conteúdo tomará conta de sua mente”, afirma a especialista que é coaching do portal Mereço Ser Feliz.
Alenne afirma que a repressão dos pais não é a solução. A melhor saída é o diálogo. “O caminho pode estar na participação da família na vida desse filho, em se ter de verdade um canal acessível de comunicação com ele e ouvi-lo de coração aberto”, orienta.
“Uma saída saudável para a diminuição de casos tristes como esses é que os pais e as pessoas próximas a essas crianças e adolescentes entendam que são responsáveis por criar e manter esses laços afetivos”, explica. “São jovens ávidos por conexão, pertencimento e atenção”.
Entenda
A especialista elencou alguns motivos que podem levar os jovens a se envolverem com o Baleia Azul. A maioria está relacionado à baixa autoestima:
– desconexão com um dos pais ou ambos;
– autoimagem distorcida;
– sentimento de inadequação, incapacidade ou não pertencimento a um grupo;
– abuso físico, sexual ou psicológico;
– sentimento de culpa, vazio e desesperança;
– necessidade de reviver fortes emoções, proveniente de um lar cheio de conflitos e em constante ebulição;
– distúrbios psicológicos, como melancolia, depressão, transtorno bipolar e adições com álcool ou drogas.
Sinais de alerta:
É importante que os pais, familiares e amigos estejam atentos aos principais sinais:
– isolamento ou afastamento de pessoas antes queridas;
– mensagens em redes sociais ou em conversas triviais sobre culpa, desespero, morte, suicídio ou falta de esperança;
– comportamentos autodestrutivos (automutilações, uso de álcool ou drogas);
– mudança acentuada de humor e de comportamento.