Deputados preferiram estabelecer um calendário inicial para depoimentos na comissão. Ex-presidentes do banco de fomento serão ouvidos inicialmente, seguidos por ex-diretores e servidores do TCU e do COAF.
Em reunião fechada na tarde desta terça-feira (25), os integrantes da CPI do BNDES resolveram deixar para setembro a decisão de convocar ou não o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além dele, estão na mira de parlamentares da oposição seu filho Fábio Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, e empresários ligados a companhias investigadas na Operação Lava-Jato, como Odebrecht, Camargo Corrêa e Toyo Setal.
De acordo com o presidente da CPI, Marcos Rotta (PMDB-AM), a intenção no momento é adotar uma pauta mais consensual. Apesar de protestos tanto da oposição quanto de parlamentares governistas, foi possível montar um calendário para as próximas semanas sem maiores resistências. Segundo o peemedebista, o requerimento de convocação do ex-presidente Lula pode ser analisado em 17 de setembro. Mas um possível depoimento apenas em outubro. “A não ser que ocorra um fato muito grave”, disse Rotta.
Oposicionistas querem convocar o ex-presidente Lula por conta do suposto tráfico de influência junto a países da América do Sul e África. Ele é acusado de ter usado viagens para conceder palestras para fazer lobby para empresas brasileiras como a Odebrecht. Posteriormente, elas acabaram fechando negócios no exterior com financiamento do BNDES. No caso de Lulinha, deputados da oposição entendem que pesa contra ele a denúncia de enriquecimento ilícito após o banco realizar aportes financeiros na Oi/Telemar, que era proprietária da Gamecorp.
O requerimento de convocação de Lulinha, como é conhecido Fábio, filho de Lula, e de Bené foi elaborado pelo deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA). De acordo com o deputado, a proposta de ouvir antes os ex-diretores do BNDES e técnicos de órgãos de controle, como o TCU (Tribunal de Contas da União) e o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) não é ruim. Ele reconhece ser preciso recolher mais informações sobre o banco para depois ouvir o ex-presidente, empresários e outros atores políticos.
Calendário
Após deixar a convocação de Lula para frente, os deputados resolveram estabelecer um calendário de depoimentos para o próximo mês. Em 1º de setembro, ocorrerá a oitiva com o atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Como ele se dispôs a prestar depoimento aos integrantes da comissão, seu pedido de convocação acabou transformado em convite. Na sequência, em 3 de setembro, será a vez os ex-presidentes Carlos Lessa e Eleazar de Carvalho Filho. Cinco dias depois deporão Guido Mantega e Francisco Roberto André Gros.
As próximas datas ficam reservadas para ex-diretores, técnicos do TCU e do COAF. Somente a partir de outubro é que a CPI vai se debruçar sobre outros assuntos. “Continuaremos na pauta consensual”, afirmou Rotta. De acordo com o presidente da comissão, é possível realizar sessões também às quartas, além das terças e quintas, para apreciar requerimentos de convocação e de quebra de sigilo.
Fonte: Fato Online