A Companhia de Planejamento do Distrito Federal divulgou o quarto avanço consecutivo da taxa de desemprego, que alcançou 14,1% em abril.
O desemprego está crescendo em ritmo acelerado na capital do país. E o pior: não há qualquer sinal de que a situação vá melhorar. Se a lógica for mantida, a deterioração do mercado de trabalho contribuirá para agravar em Brasília problemas típicos de grandes metrópoles, como os aumentos da pobreza e da criminalidade.
Na manhã desta quarta-feira (27), a Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal) divulgou o quarto avanço consecutivo da taxa de desemprego nos últimos cinco meses, que alcançou 14,1% em abril. É o pior resultado mensal da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) dos últimos cinco anos.
A escalada dos desocupados começou na virada do ano e não parou mais. Em tom de preocupação, economistas consultados pelo Fato Online estimam que, no fim de 2015, o indicador de desemprego terá ultrapassado os 15%, relembrando o cenário da crise mundial de 2008.
Demissões no comércio
Após o baque das demissões na construção civil – que a cada oito dias tem demitido 1,3 mil pessoas no DF –, chegou a vez de o comércio brasiliense mandar trabalhadores para casa.
O presidente da Fecomércio-DF (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF), Adelmir Santana, calcula que, desde janeiro, pelo menos 2 mil funcionários do setor perderam o emprego. Nos cálculos dele, esse total encostará em 8 mil até dezembro.
“Ao contrário da indústria, que costuma organizar demissões em massa, o comércio faz esse movimento de maneira pulverizada. Mas o fechamento de estabelecimentos nas comerciais é sinal evidente de que as demissões estão acontecendo e em uma velocidade assustadora”, comenta Santana.
Refém do funcionalismo
Mais uma vez, o mercado de trabalho de Brasília se mostra refém do poder de compra dos servidores públicos. Com a inflação corroendo parte da renda desse grupo, o apetite pelo consumo diminui, afetando em cheio as vendas e, consequentemente, o nível de emprego.
O funcionalismo público responde por cerca de um quarto da população ocupada e por praticamente metade da massa salarial no DF.
“O governo tem que acordar urgentemente. Ou se colocam em prática ações para diversificar a economia local ou todo um ambiente negativo poderá se concretizar muito rapidamente a partir do desemprego”, alerta o vice-presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Júlio Miragaya.
Pelos dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) – que utiliza metodologia diferente da PED –, o DF galgou seis posições no primeiro trimestre deste ano, passando a ocupar o quarto lugar no ranking de unidades da Federação com maior taxa de desemprego.
Diversificação da economia
Integrante do Corecon (Conselho Regional de Economia do DF), o economista Jusçanio Souza acredita que, se a estrutura produtiva da capital federal não mudar o quanto antes, o DF seguirá no topo das localidades com mercado de trabalho mais estrangulado.
“Sinceramente, não entendo como os governantes não percebem essa situação preocupante. Não dá para depender tanto do funcionalismo. Falta visão de futuro”, sustenta Souza.
A criação de novas oportunidades de emprego no DF poderia surgir de projetos como o Parque Tecnológico Cidade Digital e da consolidação de polos industriais nos arredores da capital. Embora diversos estudos nesse sentido já tenham sido realizados, as alternativas nunca saíram do papel.
Fonte: Fato Online