Cristovam Buarque deve anunciar a saída do PDT já na volta do recesso

20160120100626No Distrito Federal há um movimento informal que espera convencer o senador a não se precipitar.

É iminente a saída do senador Cristovam Buarque do  PDT. E até esperada pelos caciques do partido. No Distrito Federal, no entanto,   há um movimento informal que espera convencê-lo a não se precipitar. Cristovam, que já foi governador do DF, não esconde o descontentamento com a direção nacional da legenda e diz que, antes de tomar qualquer decisão, deve sentar para dialogar com o diretório regional do PDT no DF.

“Só vou decidir mesmo”, diz o senador, “quando terminar o recesso, depois que conversar com muita gente”, conta o senador, para quem o partido está “afundando” o Brasil “junto com o PT”.

“O PDT do DF  não pode saber pelo jornal que eu saí do partido. Eles têm que participar do processo, dar a opinião deles”, contou.

Cristovam diz que, há sete anos, pede a saída do PDT da base do governo. “Faz uns cinco anos  que o (Carlos) Lupi (presidente nacional do partido)  fala que vai sair e ameaça a presidente (Dilma Rousseff), aí  ela dá um ministério e o partido não sai”, apontou o senador. “A história vai dizer que eu estava dentro desse partido, na hora que ele afundou”, reiterou ele.

Na visão do senador, não há movimentação alguma dentro do partido para que ele não saia. “O único que me ligou foi o senador Telmário Mota (RR). Tenho a sensação de que a direção (nacional) quer que  eu saia logo”, disse Cristovam.

Iniciativa

O  distrital Reginaldo Veras (PDT) disse que espera o fim do recesso parlamentar para  mostrar ao senador que o partido é maior que as pessoas que o dirigem. “O partido fica esperando a decisão. E eu resolvi conversar com o Cristovam para mostrar a inviabilidade de ele ir para o PPS”, contou Veras, mencionando um dos prováveis destinos do ex-ministro da Educação.

O presidente do PDT-DF, Georges Michel,  reconhece que o partido nada tem feito, institucionalmente, para impedir a saída de Cristovam.  “O senador tem dado  declarações à imprensa, mas para o PDT não disse nada ainda”, afirmou.

A movimentação para que ele não se “precipite”, conforme Michel, parte   da “vontade” direção e da militância do partido.   “É  evidente que ninguém quer que ele saia. Ele é a maior liderança do partido no DF”, concluiu.

Saiba mais

Disputar a Presidência da República  em 2018 seria o principal motivo para a saída do senador  Cristovam Buarque do PDT. Por este motivo, alguns correligionários que dizem querer que ele permaneça na legenda têm dito que a decisão é “precipitada”, já que faltam quase  três anos para a próxima disputa.

A gota d’água para a decisão teria sido a promoção da  candidatura presidencial do  recém-filiado à legenda Ciro Gomes, promovida por Carlos Lupi, sem realizar prévias.

O PPS é um dos destinos prováveis do ex-governador do DF – o que já é amplamente considerado dentro do próprio PDT. Cristovam Buarque diz, no entanto, que ainda não há decisão tomada, embora admita que “tem tido  conversas”.  “O presidente do PPS  (Roberto Freire) é meu amigo de infância e sempre tivemos boa relação”, reconheceu o senador.

Cristovam candidatou-se à Presidência da República em 2006 e obteve  2,6 milhões de votos.

Reguffe pode ser o próximo a  largar  o barco

Entre as pessoas que Cristovam diz ouvir antes de tomar a decisão definitiva, está o também senador Reguffe (PDT). Ele nega, no entanto, que os dois estejam articulando uma saída do partido em conjunto. “Serão decisões individuais”, garantiu.

Não há acordo, segundo Cristovam, que exalta os anos de amizade com Reguffe. “Eu vou escutá-lo e sei que ele vai me escutar também, mas não estamos amarrado um ao outro”, reiterou Cristovam.

Reguffe não foi encontrado para comentar uma provável saída dele do PDT, embora não tenha guardado segredo sobre suas insatisfações. No Senado, ele tem se posicionado de forma independente com relação ao governo, sem ouvir a orientação do partido nas votações.

A saída de Reguffe também  é dada como certa, mas não seria tão iminente quanto a de Cristovam. Os motivos para deixar o partido, no entanto,  seriam os mesmos: o descontentamento com  o Governo Federal, sem falar no governo local.

Infidelidade partidária

A possibilidade de o PDT questionar o mandato na Justiça não amedronta Cristovam, que cita recente decisão do  Supremo Tribunal Federal (STF), que definiu que a regra da fidelidade partidária não vale para presidente da República, governadores, prefeitos e senadores. “Eu tenho mandato majoritário”, repetiu, citando a saída da senadora Marta Suplicy do PT para o PSB.

Fonte: Jornal de Brasília

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui