Gestão Pública – Construa uma relação positiva com os funcionários

gestao_publicaA entrada no poder de uma nova equipe administrativa traz sempre consigo a ameaça de um “terremoto” do ponto de vista dos funcionários.

Concluída a solenidade de posse você é o governo. Por toda a administração, os auxiliares que você escolheu (ministros, secretários, diretores e assessores) começam a ocupar os lugares, tanto política, quanto fisicamente.

Depois de empossada, nova equipe inicia fase de ajuste e normalização

Distantes, discretos, mas curiosos, os funcionários de carreira observam a movimentação confusa, excitada e nervosa. São os novos inquilinos fazendo a sua mudança. Muitos daqueles funcionários já presenciaram esta cena várias vezes. Observam mais esta com algum enfado, prestando todo o tipo de informações, quando solicitados.

A entrada no poder de uma nova equipe administrativa traz sempre consigo a ameaça de um “terremoto”, do ponto de vista dos funcionários permanentes: quem será mantido na chefia, quem será deslocado para novas funções, como será o novo chefe?

Uma nova administração significa mudanças e mudanças num sistema de trabalho rotinizado sempre são preocupantes, quando não ameaçadoras.

De qualquer forma, os mais antigos aprenderam as “técnicas de controlar terremotos”. Passado o ímpeto inicial, os novos ocupantes descobrirão o quanto aqueles funcionários de carreira são úteis e necessários. E tem então início uma fase de ajuste, negociação e normalização.

Esta narrativa sumária descreve basicamente o que ocorre na maioria dos casos, por ocasião da ocupação do poder pela nova equipe.

Entretanto, este não é sempre o caso. Muitas vezes, o clima de desconfiança mútua inicial, ao invés de ceder, se agrava. Estende-se sobre os funcionários uma desconfiança generalizada quanto à sua lealdade, a nova equipe fecha-se sobre si mesma e dá início a um processo informal (logo percebido pelos funcionários) de coleta de informações sobre eles.

O argumento básico que sustenta esta posição hostil pode ser resumido nesta frase: “Não há maior problema em “endurecer” com os funcionários e, se for preciso, até criticá-los em público, porque eles não podem reagir às críticas.” É verdade, mas não é toda a verdade. O funcionário experiente responderia: “É certo que eu não posso reagir de forma pública, mas eu tenho as minhas formas de reagir.”

O corpo de funcionários exerce um grande poder. Leis, decretos e resoluções são decididas pelos governantes, mas são implementadas por funcionários. Na medida em que uma decisão segue sua trajetória de implementação, descendo os escalões hierárquicos, muitas coisas diferentes e inesperadas podem acontecer para atrasá-la, para colocá-la em baixo da pilha de processos e até para perdê-la. São infindáveis os recursos que os funcionários possuem para boicotar uma administração, sem que seja possível identificar os responsáveis.

Funcionários estáveis, em geral, querem se integrar à nova equipe que assume

Uma forma muito eficiente de boicote é não alertar para o erro, ou limitar-se, quando consultado, a dar as informações mínimas solicitadas, sabendo que, apenas com elas, a autoridade se encaminha para o erro. A experiência ensina que não compensa hostilizar o corpo de funcionários. Na grande maioria dos casos não há nem mesmo razão para tal.

Os funcionários, como regra, estão ansiosos e sequiosos para se integrar com a nova equipe. Não podem tomar a iniciativa porque correm o risco de serem mal entendidos. Aguardam a oportunidade certa para mostrar sua utilidade e seus conhecimentos.

Não esqueça que todos aqueles problemas que com tanta facilidade você criticou durante a campanha, agora são seus e vão persegui-lo durante todo o seu mandato, enquanto não forem resolvidos.

Os funcionários constituem um recurso estratégico de governo. Eles poderão ser um de seus mais poderosos ativos, se você construir uma relação positiva com eles. Mas também poderão ser o seu pior adversário, se você não se interessar em conquistá-los.

“A serviço do mal” eles poderão usar informações, relações, conhecimentos, tecnicalidades legais ou burocráticas, para prejudicá-lo. Ao longo de 4 anos.

Fonte: Política para Políticos

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