Entidades feministas reagiram à declaração do ministro da Saúde, Ricardo Barros. Ele disse ontem, em cerimônia, que os homens cuidam menos da saúde porque trabalham mais que as mulheres. O Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea) manifestou repúdio, em nota, afirmando que a declaração do ministro resguarda a essência de uma cultura machista que inviabiliza o trabalho das mulheres. “Elas não só trabalham mais do que os homens como ganham menos. Em sua afirmação, ele (Ricardo Barros) ignora a divisão sexual e social do trabalho, que gera horas a mais de trabalho para as mulheres e destina a nós trabalhos precários, desvalorizados e pior pagos”, afirma a nota.
Barros também se referiu aos homens como “os provedores” dos lares do Brasil. Em sua página no Facebook, o ministro postou uma foto da coletiva de imprensa e recebeu comentários negativos.
Outros dados do instituto apontam que, das, aproximadamente, 70 milhões de famílias do Brasil, 39,8% têm a mulher como figura de referência na casa. Só no Distrito Federal, são mais de 125 mil famílias matriarcais. Os dados do IBGE não impressionam a jornalista Natalia Mori, que é militante da luta feminista no DF e reagiu à declaração do ministro com indignação. “A explicação e a justificativa só mostram o tanto que ele desconhece a realidade e a vida das brasileiras e dos brasileiros”, disse.
Quando se considera o trabalho que as mulheres desempenham em casa, a conta fica ainda mais desfavorável. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), em 2004, as mulheres trabalhavam, por semana, quatro horas a mais que os homens, em média. Em uma década, a diferença aumentou mais de uma hora. Em 2014, a dupla jornada feminina passou a ter cinco horas a mais, segundo a mesma pesquisa. Nestes 10 anos, os homens viram sua jornada fora de casa cair de 44 horas semanais para 41 horas e 36 minutos. A jornada dentro de casa permaneceu em 10 horas semanais.
Fonte: Correio Braziliense