Ex-governador, Jaqueline, Wesliane e Liliane teriam participado de esquema para concessão de empréstimo a empresários em troca de apartamentos em Águas Claras. Se decisão for mantida em 2ª instância, envolvidos podem ter os direitos políticos cassados por 10 anos.
A Justiça condenou o ex-governador Joaquim Roriz e as filhas, Jaqueline, Wesliane e Liliane, por improbidade administrativa. A decisão alcança ainda ex-diretores do BRB e empresários do setor da construção civil. Segundo o Ministério Público do Distrito Federal, em 2007, o então governador Roriz teria facilitado um empréstimo do BRB à construtora WRJ Engenharia, em troca de 12 apartamentos para a família. Pela decisão da 3ª Vara da Fazenda do DF, eles terão os direitos políticos cassados por 10 anos. Cabe recurso e, como a decisão é de 1ª instância, os acusados não ficam enquadrados na Lei da Ficha Limpa.
Os irmãos Renato e Roberto Cortopassi, proprietários da WRJ; o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklim de Moura, Antônio Cardozo de Oliveira e Geraldo Rui Pereira, ex-diretores do banco, e um dos filhos de Jaqueline Roriz, Rodrigo Roriz, também foram condenados por improbidade no mesmo processo. De acordo com a denúncia elaborada pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), os acusados organizaram um esquema para concessão de empréstimos no total de R$ 6,7 milhões aos empresários da construtora. Em troca, os integrantes da família receberiam 12 unidades habitacionais no empreendimento Residencial Monet, em Águas Claras.
Roberto e Renato Cortopassi teriam recorrido ao então governador Roriz em busca de ajuda com os empréstimos. Os recursos foram usados para a construção de duas torres de 16 andares, com 48 apartamentos cada uma. “Como contraprestação pela intervenção realizada junto aos dirigentes do BRB, o réu Joaquim Roriz teria recebido 12 apartamentos no referido condomínio, sob intermédio de suas filhas, Jaqueline Maria Roriz, Liliane Maria Roriz e Weslianne Maria Roriz Neuls, seu neto Rodrigo Domingos Roriz Abreu, e da empresa JJL Administração e Participação, representada por sua filha Weslianne”, diz trecho da ação de improbidade.
Negócio fictício
O MP alega que a operação foi disfarçada por meio da empresa Coss Construção Ltda., que teria realizado o negócio de compra e venda de maneira fictícia na WRJ Engenharia. A investigação do caso começou com a Operação Aquarela, conduzida pelo Gaeco. A ação, deflagrada em junho de 2007, incluiu o cumprimento de mandados de busca e apreensão e a prisão do ex-presidente do BRB Franklim Moura. A investigação apurou crimes contra a administração pública, fraude a licitação, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. As investigações da operação Caixa de Pandora também subsidiaram o processo.
A ex-deputada Jaqueline Roriz já foi condenada em segunda instância por improbidade por envolvimento no escândalo da Pandora. Ela está enquadrada na Lei da Ficha Limpa e, por isso, saiu da disputa do ano passado. Se a condenação de ontem for confirmada em segunda instância, a decisão pode representar o fim político da família Roriz, já que somente Liliane Roriz permaneceu na vida pública.
A assessoria de imprensa da deputada distrital afirmou que a parlamentar vai recorrer. A alegação é a de que não há assinatura de Liliane em nenhum dos referidos documentos da negociação. A parlamentar alega que nunca esteve no endereço citado na denúncia. Um dos advogados da família Cortopassi e da WRJ Engenharia, Gandhi da Silva, afirmou que só comentará o caso após o processo transitar em julgado. Segundo o advogado Eri Varela, Joaquim Roriz vai recorrer da condenação. “Com todo o respeito ao juiz, a sentença é insuficiente na prova e contraditória em suas conclusões. A verdade é que nunca houve uma negociação envolvendo o ex-governador nem houve o negócio”. A reportagem não localizou representantes dos ex-dirigentes do BRB nem o advogado José Milton Ferreira, que representa os outros integrantes da família Roriz.
Fonte: Correio Braziliense