O candidato que não gosta do povo

Este tipo – normalmente – está fadado ao fracasso em uma campanha.

Pode um candidato não gostar do povo?

Pode parecer incrível, mas este tipo de candidato ocorre com maior freqüência do que se imagina. São, em geral, pessoas de alto nível sócio-econômico, cuja história de vida transcorreu no convívio com seus iguais, sem qualquer relação, sem convívio com os mais pobres, ou mesmo algum interesse pela sua sorte.

Para ser um candidato vencedor é preciso gostar do contato com o povo

Seu conhecimento dos mais pobres é feito de muito pouca informação, muito preconceito e dominado por estereótipos. Os pobres são, para eles, os sujos, os doentes, os mal educados, os criminosos, os ignorantes.

Não os considera iguais, em nenhum aspecto. São inferiores, diferentes e potencialmente hostis e perigosos. É óbvio que estes sentimentos são mantidos escondidos, não são revelados a não ser para aqueles que pensam igualmente.

Frente a essa descrição, é razoável perguntar-se: Como e por que um partido escolhe uma pessoa assim como candidato?

Em primeiro lugar porque não se tem conhecimento de que é esse o pensamento dele. Sabe-se que ele não é dado a populismos, que não tem contato com o povo, mas ignora-se também que o seu distanciamento dos mais pobres expressa uma hostilidade preconceituosa.

Em segundo lugar porque muitas vezes um partido encontra grandes dificuldades para conseguir lançar um candidato, pelas mais diversas razões. Nesses casos, não se pode contar com os melhores nomes, e torna-se necessário recorrer à linha auxiliar do partido: pessoas sem experiência eleitoral, mas bem sucedidas nos seus empreendimentos profissionais.

Em terceiro lugar porque o partido não tem recursos para bancar a campanha, dependendo, então, de alguém com suficientes meios para financiá-la.

Por uma dessas, ou ainda por outras razões, peculiares àquela eleição, aquele partido, e àquela pessoa, torna-se possível, a um candidato que não gosta do povo e que nutre sérios preconceitos contra os mais pobres, ser o escolhido como candidato.

Embora não revele esses sentimentos, eles são evidentes aos “profissionais do ramo”. O político experimentado logo percebe que se trata de um candidato “em guerra com o eleitor”.

Os que não perceberam logo, vão descobrir ao longo da campanha, pela resistência que opõe a buscar voto nas vilas populares, seu evidente mal estar quando conseguem que ele as visite, sua pressa em terminar logo a programação, e, por outro lado, a satisfação que demonstra, quando está fazendo campanha junto aos setores sociais de renda e status mais elevado. O indicador mais eloqüente desse tipo de candidato é sua repugnância ao contato físico com o eleitor – o abraço, segurar a criança no colo, o aperto de mãos. Do seu ponto de vista, quem deve conseguir os votos nessas áreas é o partido, seus candidatos a vereador e a deputado. A ele compete fazer os discursos, falar na TV ou rádio, presidir reuniões.

No caso de pessoas que estão em contato diário com a maioria da população, como os profissionais de rádio e TV, os eleitores substituem possíveis carências por atributos positivos conferidos ao seu exercício profissional

Sua pretensão eleitoral reside na suposta superioridade que se auto-atribui, e não na popularidade. Acostumado a decidir e mandar, parece-lhe razoável e natural que seja escolhido pelos eleitores para a função de liderança política da comunidade. Este é um candidato muito pesado de carregar e, naturalmente predestinado ao fracasso eleitoral.

Fonte: Política para Políticos

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