Papa Francisco recebe pedido por apoio financeiro a freiras vítimas de abuso sexual

Há mais de 600.000 freiras em todo o mundo, e sua exploração e abuso têm vindo à tona nos últimos anos

O papa Francisco precisa criar um fundo para as freiras que abandonaram a vida religiosa após sofrerem abusos de padres e prelados, afirmam ativistas, pedindo maior atenção para uma questão há muito tempo negligenciada na Igreja Católica.

Há mais de 600.000 freiras em todo o mundo, e sua exploração e abuso têm vindo à tona nos últimos anos, inclusive em artigos do jornal oficial do Vaticano, L’Osservatore Romano.

Francisco reconheceu o problema em 2019. Falando de uma ordem religiosa feminina específica que foi dissolvida por seu antecessor Bento 16 em 2005, ele falou de casos de “escravidão” e “até mesmo de escravidão sexual”.

A pesquisadora alemã e ex-freira Doris Reisinger, ela mesma vítima de abuso sexual e espiritual por um padre, fez o pedido durante uma coletiva de imprensa na terça-feira, organizada pelo grupo de rastreamento de abusos BishopAccountability.org.

“O papa admitiu o abuso de freiras, mas não tomou nenhuma atitude em relação a isso”, disse ela.

“E nunca ouvimos um papa ou bispo reconhecer o aborto coagido pelas mãos de padres. Eles sempre tratam o aborto como uma questão feminina, mas nunca falaram sobre padres que forçam abortos, apesar de saberem que isso está acontecendo”, acrescentou.

A assessoria de imprensa do Vaticano não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A lei da Igreja deveria ser mudada para forçar as ordens de freiras a reservar dinheiro para ajudar as irmãs que desistem, disse Reisinger. Até que o façam, o papa deve criar um fundo central da Igreja para esse fim, acrescentou ela.

Reisinger pediu a Francisco que também crie um fundo para as crianças filhas de padres, para salvá-las de “uma vida de pobreza e vergonha”, e decrete a destituição obrigatória de padres que forçam abortos em mulheres que engravidam.

Ela disse que as freiras que fazem seus votos quando adolescentes e os renunciam quando adultas normalmente retornam à vida laica sem treinamento profissional, depois de anos ou décadas afastadas de amigos e familiares.

Reisinger disse que é difícil estimar quantas freiras sofreram abuso sexual. Ela citou uma pesquisa realizada em 1998 pela Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos, com mais de 1.100 freiras, que constatou que 12,5% delas relataram ter sido vítimas de exploração sexual.

Pouco menos de 5% sofreram o que o estudo chamou de “contato sexual genital”, incluindo sexo oral e relações sexuais, enquanto mais de 6% relataram assédio físico, como beijos e toques inadequados.

Fonte: UOL

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