Para economistas, crise atual é diferente das anteriores, e soluções também devem ser

para-economistas-crise-atual-e-diferente-das-anteriores-e-solucoes-tambem-devem-serEstudo do ministério compara a atual crise às de 1998 e de 2003 e defende mesmas ações para resolvê-la. Economistas argumentam que a crise política e a alta carga tributária de hoje são fatores que tornam um equívoco repetir o mesmo caminho.

A comparação entre a atual crise econômica com as crises de 1998/1999 e de 2002/2003, feita à exaustão pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante audiência na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (14), está equivocada, apontam economistas e fontes do mercado financeiro. Na visão deles, a crise atual tem aspectos diferentes das anteriores. Entre eles, há uma confusão política de grandes proporções paralela às turbulências econômicas e o fato de o país ter uma carga tributária bastante alta, o que dificulta a criação de novos impostos.

Para reforçar sua argumentação aos deputados, Levy divulgou um estudo produzido pelos técnicos da pasta demonstrando supostas semelhanças entre o momento de crise atual e os períodos anteriores, além de sugerir no documento soluções semelhantes. O Fato Online pediu a avaliação de dois economistas sobre as pressuposições do documento. Foram consultados o gestor de fundos internacionais e professor do Insper, João Luis Mascolo, e o ex-diretor do BC (Banco Central), Carlos Eduardo De Freitas.

Mascolo destaca que o estudo tem como objetivo abrir terreno no campo argumentativo para a recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira) e faz comparações com o ano de 1998, quando o tributo foi aumentado de 0,20% sobre todas as transações para 0,38%.

“A diferença é que naquela época a carga tributária do país estava em torno de 27% do PIB [Produto Interno Bruto] e hoje ela está próxima a 35%. Não há mais espaço para aumentos”, defendeu. “Aumento de imposto adianta se os gastos ficarem constantes. O que ocorre é que quando o governo atual tem mais dinheiro, vem um monte de gastos novos”, prosseguiu.

Para ele, a grande questão é que relacionar os períodos e suas respectivas soluções está incorreto. “Na crise de 1998/1999 havia uma crise externa e uma política de câmbio errada, que era fixo. Hoje, não nem uma coisa nem outra”, avaliou. “Já em 2002, a crise foi pelo medo da entrada do [ex-presidente] Lula no poder. Mas esse medo logo foi dissipado e a crise passou”, disse. Para ele, portanto, essas são questões que não existem no cenário de hoje e invalidam a comparação e, consequentemente, soluções semelhantes.

Na crise de 1998, o governo aumentou a CPMF e mudou o sistema de câmbio, além de ter adotado as metas de superavit primário. Já em 2002/03, para demonstrar comprometimento com a política econômica, o governo produziu uma economia de recursos públicos superior a 4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2003. Tanto em um caso como no outro, os anos seguintes foram bons para a economia, que cresceu.

Reformas

Já o ex-diretor do BC, Carlos Eduardo de Freitas avalia que tanto em 1998/99 quanto em 2003, o governo estava mais preparado para lidar com a crise devido as reformas estruturais que haviam sido realizadas antes de as crises eclodirem. “As duas heranças, tanto a de 1999, como a de 2003, eram melhores em seu conjunto do que a herança de Dilma para Dilma, em 2015”, avalia.

Outra questão colocada pelo economista é a disposição do governo em lidar com a crise. “Não há compromisso inequívoco com o ajuste macroeconômico e o governo do PT mostra-se refratário a admitir a necessidade de revisão de vantagens e benefícios assistenciais”. Dessa forma, em sua opinião, nenhum ajuste será feito e, mesmo com medidas que visem melhorar a situação das contas públicas, a falta de apoio político poderá comprometer sua qualidade. Ele ressalta que, tanto em 1998/1999 quanto em 2003, apesar da crise econômica, os governos ainda tinham apoio de sua base política para encaminhar as medidas que considerassem necessárias.

Fonte: Fato Online

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