Apesar de controlar o Ministério das Comunicações, partido ainda mantém a postura de independência no Congresso. Mesmo com as ressalvas, pedetistas contam com a presença da presidente Dilma Rousseff. Visita não consta na agenda da petista.
Um dos aliados mais críticos da gestão Dilma Rousseff, o PDT, que comanda o Ministério das Comunicações, retoma nesta sexta-feira (22) a reunião do diretório nacional do partido com dois objetivos. O primeiro é reafirmar a decisão de se posicionar contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff em discussão no Congresso. O outro, “assuntos gerais”, codinome para tratar das próximas eleições e também criticar a política econômica do governo.
Até a noite de ontem, a presença de Dilma na reunião do PDT não estava confirmada. A petista tem adotado um discurso de conciliação, sem recados a opositores para evitar conflitos. No encontro dos pedetistas, críticas não faltarão especialmente contra a política econômica do governo. “[É preciso retomar o] compromisso com quem trabalha e produz”, disse o ex-governador Ciro Gomes. “A política econômica é absolutamente ruinosa.”
Mesmo com a promessa de críticas à política econômica, os pedetistas contam com a presença de Dilma em parte do encontro. “A presidenta vem fazer uma visita, uma saudação na convenção. Ela não vai participar do nosso encontro. Ela vem, faz a saudação, faz a homenagem ao [Leonel] Brizola. Até por uma questão ética e de lealdade, só se abre a discussão depois de ela sair”, disse o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi.
De acordo com Lupi, o partido não pode ser “deselegante” com a presidente. Mas, nas declarações feitas ontem por ele e por Ciro Gomes, é possível prever que não faltarão críticas à maneira que o governo conduz a economia. “Nós queremos fazer um debate sobre a política econômica (…) sobre a ditadura que os financistas fazem sobre a economia”, disse o presidente da legenda.
Na visão de parte do partido, é preciso criar uma política específica para o capital produtivo. “Com financiamentos a juros de 0% às pequenas e médias empresas”, disse Lupi, acrescentando que o setor é responsável por 65% da geração de empregos no país. “Queremos discutir um novo modelo econômico”, finalizou.
Golpismo
No caso do impeachment, o partido vai ratificar hoje a posição contrária ao processo. Tomada pela direção nacional, em conjunto com as bancadas pedetistas na Câmara e no Senado, ela ocorreu antes de a petista ganhar um fôlego pela decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de estabelecer um rito para a análise da denúncia por crime de responsabilidade contra Dilma Rousseff.
“O moralismo está posto a serviço da imoralidade”, disse Ciro, fazendo referência ao fato de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ) será o condutor do processo mesmo respondendo a dois inquéritos no STF por corrupção e lavagem de dinheiro. “Só o que faltava agora é o Eduardo Cunha ser protagonista de um impeachment cuja razão é de natureza moral”, completou.
Fonte: Fato Online