Especular sobre política é trafegar numa fronteira entre a fofoca e a informação. Nem sempre a informação é próxima da verdade, então torna-se uma mera fofoca, mas quando a fonte diz que é um projeto, mesmo parecendo algo mirabolante, deve-se ouvir atentamente. Na quinta-feira, 18, um personagem do PSDB com bom trânsito entre o pretenso candidato presidencial Aécio Neves e partidos que “estão interessados em seu projeto”, levantou uma tese interessante: Sérgio Guerra sonha em ter os deputados federais brasilienses Antônio Reguffe (PDT), Luiz Pitiman (por enquanto no PMDB), deputado distrital Joe Valle (PSB) e o senador Cristovam Buarque (PDT) embarcados no PSDB. Calma! Nada de espanto ou achar que se trata de um delírio. Em política, tudo é possível. Vamos aos fatos: o governador Agnelo Queiroz (PT) corre contra o relógio em busca de popularidade. Do outro lado, os líderes de oposição como Joaquim Roriz (PSC), Roberto Arruda (sem partido) e outros menos cotados não têm chances de levantar uma bandeira de oposição que faça contraponto ao PT, tanto local como à presidente Dilma Rousseff.
No DF, a economia e a política são irmãs siamesas, unidas por um só coração, portanto, as brigas sempre são por poder político ou econômico. Não importa a sigla. Todos querem a mesma coisa, mas ninguém abre mão de ser o líder. Acontece em todos os partidos. O último a sangrar publicamente foi o PSDB, que vinha, há muito tempo, lavando roupa suja publicamente. Os tucanos têm ótimas lideranças como a ex-vice governadora Maria Abadia de Lourdes, Márcio Machado, Raimundo Ribeiro, Gustavo mas não se unem por conta de vaidade ou interesses econômicos. Diante desse impasse, a tese que o tucano de bico comprido defende é a seguinte: Cristovam Buarque anda arrepiado com Carlos Lupi, o líder reconduzido à cadeira de presidente nacional do PDT — antagonista do estilo e pensamento do senador. Claro que o eleitorado de Cristovam é mais próximo do PT do que do PSDB, algo difícil de unir, mas em política, tudo é possível.
Quanto aos deputados Joe Valle, Reguffe e Luiz Pitiman a possibilidade de aproximação com os tucanos não é de todo uma tarefa inglória. Os três seriam de fato o que de melhor têm na política do DF, bem ao gosto da exigente classe média burocrática. Qualquer um deles, segundo a fonte do Jornal Opção, seria o melhor dos mundos para Aécio Neves. “Cairia como uma luva no discurso de renovação ética do presidenciável tucano.” Reguffe não alimenta nenhuma disposição, por enquanto, em mudar de endereço partidário pois o projeto dele é unha e cutícula com Cristovam. Joe Valle também não cogita pular a cerca partidária. Sobra o aguerrido Luiz Pitiman, “a voz mais contundente nas críticas ao governo do doutor Agnelo Queiroz”.
Se o PSDB estiver realmente interessado em juntar os cacos e montar um projeto político sério, sem a arrogância e a vaidade dos emplumados tucanos, Pitiman é o nome. Tem bom trânsito em vários partidos e com as lideranças, cultiva uma sólida amizade com Aécio Neves, com o governador de Goiás, Marconi Perillo, e com o presidente do PSD, Rogério Rosso. Ele também transita em outras legendas sem restrições, característica ideal para um presidente de partido que almeja o poder. Pitiman, além da simpatia é um estrategista pragmático, disciplinado e paciente em ouvir seus interlocutores. Resumindo: tem apetite pelo poder sem se servir dele, se alguém discordar é só recorrer às suas críticas ao governo de Agnelo. Ninguém, com juízo oportunista, deixa uma Novacap, empresa que construiu Brasília, e a poderosa Secretaria de Obras, simplesmente porque o cargo não é interessante. “Imagine este parlamentar à frente do PSDB do DF com apoio de Maria de Lourdes Abadia, Raimundo Ribeiro, Márcio Machado, Aécio Neves, Sérgio Guerra, Izalci Lucas e tanto outros tucanos que estão de bico comprido em cima do muro”, comenta a fonte.
Na avalição geral, Pitiman poderia ser o condutor do processo de união destes nomes citados, tanto dentro do PSDB quanto de outras legendas. Personagens como Reguffe, Joe Valle, Raimundo Ribeiro, Cristovam, Pitiman e outros, fazem uma grande diferença nesta árida e inóspita terra brasilis.
Fonte: Jornal Opção