Reforma do secretariado do GDF foi mais política do que financeira

reforma-do-secretariado-do-gdf-foi-mais-politica-do-que-financeiraEm tese, a reforma administrativa divulgada nessa terça-feira (13), pelo governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB), tinha a pretensão de enxugar os gastos públicos e ajudar o governo a sair do atoleiro financeiro. Durante o anúncio, porém, o governador não soube detalhar o tamanho da economia pretendida com as mudanças, embora as negociações tenham começado há cerca de um mês. Na prática, a reforma foi mais política do que financeira.

Tempo

No Palácio do Buriti, a alegação é que não houve tempo hábil para concluir os cálculos e indicar a extensão dos cortes, uma vez que parte dos detalhes sobre a nova estrutura do GDF só acabou sendo acertada na última hora, momentos antes do anúncio oficial.

Técnicos da Secretaria de Planejamento, por exemplo, só receberam informações mais concretas em relação ao novo secretariado nesse fim de semana de feriado prolongado, quando as negociações se intensificaram.

Para o professor da UnB (Universidade de Brasília) José Matias Pereira, especialista em finanças públicas, ficou claro que a reforma em questão tem caráter muito mais político. “É uma reforma de acomodação, uma tentativa do governador de garantir sustentação na Câmara Legislativa”, avalia ele, acrescentando que o cenário local, nesse sentido, está bem parecido com o do governo federal.

Ainda no entender do especialista, a população terá de ficar atenta para checar se as mudanças “que priorizaram as negociações políticas” tornarão as secretarias mais eficientes do ponto de vista de gestão.

Rosso

Entre as costuras políticas na reta final das negociações, chama a atenção a que contou com o protagonismo do deputado federal Rogério Rosso, presidente do PSD no DF. Ao perceber que o distrital Joe Valle (PDT) não toparia a supersecretaria que incluiria a área de Desenvolvimento Econômico, Rosso intercedeu pelo correligionário Arthur Bernardes, titular da pasta.

Rogério Rosso trabalhou pela manutenção do espaço do seu partido, o PSD Sheyla Leal/ObritoNews/Fato OnlineEm conversas reservadas, pleiteando mais força a Bernardes, o deputado federal lembrou Rollemberg da “fidelidade” da legenda com o governo e chegou, inclusive, a dizer que a aliança com o PSD o favoreceu durante a campanha, com aumento do tempo de rádio e tevê.

Bernardes foi confirmado como secretário de uma nova pasta que abrange Desenvolvimento Econômico e Turismo. A ideia inicial do governador era uma supersecretaria com essas duas áreas mais Trabalho, Ciência e Tecnologia e Agricultura.

Aliados

Na visão do cientista político Leonardo Barreto, Rollemberg conseguiu capitalizar politicamente com a reforma. Ao manter Arthur Bernardes em uma pasta que engloba duas áreas e convidar o PDT para assumir a pasta formada por Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, o governador encorpou os partidos aliados. “Com o PDT fortalecido, Rollemberg deve ganhar alguma folga na Câmara Legislativa, ao mesmo tempo que manteve a influência do partido do vice-governador (PSD)”, disse.

Para Barreto, o governador também conseguiu manter a força de seu próprio partido ao remanejar Marcos Dantas, presidente do PSB local, para a pasta de Mobilidade. “Mobilidade é uma das pastas mais importantes, que deve contar com muitas parcerias público-privadas daqui para a frente. Então, o governador reforçou o PSB na parte econômica e de infraestrutura”, analisou.

A Secretaria de Mobilidade era ocupada por Carlos Tomé, cujo perfil é muito mais técnico do que político. Tomé virou chefe de gabinete do governador.

Fonte: Fato Online

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