Ação inclui fornecimento de remédios e farmacêuticos em equipes. Pacientes foram diagnosticados em três hospitais e em uma UPA.
O secretário de Saúde do Distrito Federal, João Batista de Sousa, anunciou nesta terça-feira (9) um plano de combate ao avanço de infecções por superbactérias, que está pautado em três frentes: garantia de fornecimento de remédios, desinfecção e limpeza das estruturas e incorporação de farmacêuticos nas equipes. De acordo com o secretário, as medidas já vinham sendo adotadas, mas precisam de reforço.
Até agora já foram identificados casos de pacientes com superbactérias em três hospitais regionais e em uma UPA. Quatro pessoas morreram entre 29 e 31 de maio. Há atualmente sete pacientes infectados com superbactérias. Apesar disso, Sousa diz não haver razão para pânico.
“Quando nós propomos um plano como esse, ele parte de certos pressupostos, que é um conjunto de normas para garantir a segurança dos pacientes nos hospitais”, afirmou. “A questão principal, que os profissionais realmente fazem, mas a gente precisa estar sempre recobrando, é higienização, limpeza de mãos, evitar contato direto.”
“Não posso dizer que não estava havendo limpeza, porque limpeza sempre há. O que nós precisamos é reforçar essa conduta”, completou o gestor.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o DF foi notificado três vezes a respeito dos casos de bactérias super-resistentes e até então não havia apresentado um plano de combate. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse que já em abril havia cobrado medidas da Secretaria de Saúde. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul apresentavam problema semelhante, mas conseguiram reverter a situação.
“No dia 20 de abril fui chamado para uma reunião na Anvisa. Nessa reunião começamos uma conversa sobre a questão da resistência bacteriana, não só no DF”, declarou o secretário. “Não é um plano que se elabora em 24 horas.”
Uma tabela apresentada pela secretaria na sexta-feira informava a existência de pelo menos 84 infecções por superbactérias na rede pública de saúde do DF em 2015. Ao divulgar a informação, a pasta disse que os números eram “parciais” e não representavam a realidade dos hospitais.
O documento apontava 33 contaminações por Klebsiella pneumoniae multirresistente (KPC), 14 por Acinetobacter baumanii, 17 por Pseudomonas aeruginosa, 11 por Serratia sp e 3 por Staphyllococus aureus, além de seis infecções por bactérias multirresistentes de outras categorias, menos “famosas”.
Os números se referem apenas aos leitos adultos de UTI e não levam em conta os casos registrados em hospitais de Taguatinga, Santa Maria e Guará e na UPA de Sobradinho desde a última semana. Os pacientes colonizados – que não têm a bactéria na corrente sanguínea e, por isso, não sofrem com os sintomas de infecção – também não foram considerados neste levantamento.
Sousa afirmou ainda que a pasta continua com estoques zerados de quatro tipos de antibióticos, incluindo penicilinas – como o Benzetacil –, eritromicinas e ampicilinas, por indisponibilidade dos medicamentos no Brasil. “Não são os essenciais para atacar infecções graves.”
Ainda segundo o secretário, o plano não erradica as superbactérias, mas melhora o quadro. “Nós não vamos resolver essa questão, vamos controlar, impedir o avanço de bactérias multirresistentes”, declarou.
Fonte: G1