Conheça as dicas finais para transformar o político num sedutor de sucesso.
No artigo anterior, conhecemos quatro das regras básicas para o exercício da sedução: aparecer sempre como uma novidade e nunca como publicidade; priorizar a forma, não o conteúdo; privilegiar o aspecto emocional e falar a linguagem do seu público. Há ainda outras duas poderosas armas que precisam ser agregadas a essas, para que sua ação política seja, de fato, sedutora.
5. Defina o “quadro geral” para as pessoas
O sedutor é capaz de criar o “clima”, no qual os estímulos afetivos se desenvolverão
Você não deve cair na tentação de convencer por seus argumentos, pelo exercício frio da racionalidade. Assim como o sedutor na relação de amor, você deve procurar insinuar-se pela linha de menor resistência. Este tipo de movimento corresponde ao envolvimento nas relações de conquista afetiva. O sedutor é capaz de criar o “clima”, no interior do qual os estímulos afetivos se desenvolverão.
Este “clima” precisa respeitar a posição inicial do “alvo”. Na situação política, haverá temas e questões que, pela controvérsia já estabelecida sobre eles, desaconselham a abordagem direta. Deve-se procurar, então, um tema a respeito do qual possa haver uma unanimidade de pensar e de sentir. É por ele que o envolvimento deve começar. Começa-se, assim, por uma base sólida de identidade entre o líder e o público.
Ao invés de tentar frontalmente mudar o pensar e sentir das pessoas, o sedutor vai tentar envolvê-las num “quadro geral” criado por ele. Este quadro deve ter o poder de recuperar, num outro contexto perceptivo, aqueles sentimentos e pensamentos. O sedutor vai conduzir seus ouvintes para um outro “território”, o seu território.
O “quadro” criado, e inteligentemente desenvolvido pelo sedutor, vai além da realidade fria e objetiva. Ele deve incluir, de maneira mesclada com a realidade, espaços para a imaginação e para o sonho. Dentro deste quadro, as pessoas adquirem uma nova identidade – mais rica e mais atraente -; a realidade incorpora novas possibilidades, construindo uma ponte, por onde os indivíduos podem transitar da sua realidade objetiva para outra onde “as coisas” podem ser diferentes e melhores. Muito cuidado. Não se afaste muito da realidade, por que as pessoas não o acompanharão nesta “viagem”.
A chave encontra-se no termo “possibilidade”. O que se propõe deve estar dentro dos limites da possibilidade. É neste espaço entre o real (insatisfatório) e o possível (atraente), entre o que existe e o que “pode” ser criado, que o envolvimento acontece. Com o envolvimento, é você quem mostra a eles quem eles são. É você quem cria a imagem do que eles gostariam de ser (ter) e que podem conseguir. É você quem “decodifica” o mundo complexo e confuso da política, tornando-o compreensível e claro, e apontando rumos.
Em outras palavras, com o envolvimento (assim como nas relações afetivas) o sedutor consegue “mexer” com a identidade das pessoas e com a sua percepção da realidade. As condições básicas estão assim construídas para a conquista.
6.Faça-os sentir que eles precisam mais de você que você deles
Para ser objeto de desejo, não basta só admiração do público
No âmago de qualquer relação afetiva, sempre existe uma relação de poder. Quem precisa mais do outro, quem sente mais falta, quem depende mais é quem se entrega, quem precisa menos é quem conquista. As pessoas admiram aqueles que são desejados por outros. Para você ser um verdadeiro objeto de admiração, não basta que eles o admirem. É necessário que outros, como eles, o disputem. Por isso, o sedutor deve parecer forte, seguro de si, independente.
Sendo visto como capaz de atrair a outros, o conquistado propõe-se a conquistá-lo pela entrega. Novamente cuidado. Sua segurança não pode ser tanta que passe às pessoas o sentimento de que você não as valoriza, que elas não são importantes para você. Muito ao contrário, é de você que elas ganham o sentimento de uma renovada e insuspeitada valorização.
O ponto central é outro: o sedutor não depende deles, há muitas outras pessoas que já “se entregaram” e muitas mais que poderão se entregar. Cabe a eles a conquista de alguém tão valorizado, o que somente poderão fazer pela “entrega”, e, quanto mais completa e mais irrestrita, mais eficiente para prender o sedutor a eles.
O sedutor deve então aparecer como uma pessoa de sucesso, como alguém que está na vanguarda, que é diferente dos outros e que vai continuar a sua marcha. O público deve sentir (o sedutor nunca poderá dizer) que tem a oportunidade de aderir a uma visão, uma mensagem, e a uma pessoa que representam possibilidades não exploradas e realizações não convencionais. As pessoas sentem-se diferentes e melhores ao seguir alguém que é tão diferenciado.
Como se vê, a sedução na política segue de perto os princípios fundamentais da sedução nas relações interpessoais e nas relações de amor. Toda a sedução é um jogo de atração, poder e vontade entre dois indivíduos. Na relação interpessoal esta condição já é dada pelas duas individualidades em contato.
Na política, entretanto, o sedutor precisa transformar o público, que é composto de muitas pessoas, numa entidade individual, para que a conquista se realize. A arte de transformar uma multidão numa entidade singular, é a “arte do envolvimento”, a atmosfera própria da sedução, dentro da qual as “armas” adquirem a sua eficiência.
Fonte: Política para políticos