Policiais civis do DF fazem segunda operação-padrão do ano nesta terça

sinpolCategoria quer mais contratações, reestruturação de carreira e reajustes. Em maio, atividade foi reduzida; operação terá ‘segunda fase’, diz sindicato.

Policiais civis do Distrito Federal intensificam nesta terça-feira (22), pela segunda vez em um mês, a operação-padrão iniciada no dia 22 de maio para pedir mais contratações e melhores condições de trabalho. Segundo o sindicato da categoria, os agentes só vão deixar as delegacias para diligências, capturas e localização de veículos roubados, por exemplo, se houver pelo menos três policiais na viatura.

Os agentes vão cumprir o expediente em horário normal, mas são orientados a registrar apenas flagrantes e ocorrências criminais. Investigações, intimações, protocolo de documentos e diligências ficam restritos no período.

O Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol-DF) afirma que a operação entra em “fase dois” a partir desta terça, com restrição ainda maior dos atendimentos. A partir das 20h, todos os dias, apenas crimes graves serão registrados pelas delegacias e investigados pelas equipes.

A coleta de depoimentos de vítimas, testemunhas e presos será suspensa até o fim da operação, segundo a entidade. Todos os coletes balísticos e munições da carga individual dos agentes que estiverem fora da validade serão devolvidos.

A principal reivindicação da categoria é a nomeação de 500 agentes aprovados em concurso e que já concluíram a formação na academia militar. Segundo o Sinpol, o número seria suficiente apenas para repor as vagas de quem se aposentar neste ano, e não representaria aumento real no número de policiais.

Segundo o presidente do sindicato, Rodrigo Franco, a realidade nos plantões das delegacias é precária, com três ou quatro policiais para cumprir todas as funções, o que dificulta as diligências externas. A entidade calcula uma média de 2 homicídios por dia no DF e diz que o número de policiais em atuação é insuficiente para investigar todos os casos.

No início do mês, o governador Rodrigo Rollemberg, autorizou a contratação de 48 novos agentes para atuar nas delegacias da Polícia Civil. De acordo com o governo, serão chamados profissionais do cadastro de reserva que passaram no concurso de junho do ano passado.

Comunicado do Sinpol-DF sobre 'operação padrão'; documento foi entregue à Polícia Civil na sexta (Foto: Reprodução)

Fundo Constitucional
A entidade também questiona a divisão do Fundo Constitucional, verba repassada mensalmente pela União ao DF destinada ao pagamento de funcionários da saúde, educação e segurança pública. Para este ano, o valor total do fundo é estimado em R$ 6 bilhões.

Segundo os policiais, as duas primeiras áreas estão levando vantagem na partilha dos recursos, o que agravaria ainda mais o quadro da corporação. Franco afirma que menos da metade do dinheiro é usada na área de segurança.

“O reflexo disso são delegacias, que precisam de reformas, cidades sem delegacias, poucos policiais contratados e equipamentos e mobiliários defasados, entre outras coisas”, diz o presidente do Sinpol, em texto divulgado pela entidade na semana passada.

Documento do Sinpol orienta 'operação padrão' de policiais civis no DF; diligências exigem três policiais por viatura (Foto: Reprodução)
Déficit

Dados da Polícia Civil divulgados em abril deste ano indicavam um déficit de 47% no efetivo e a possível aposentadoria de 679 membros da corporação até dezembro. Nem mesmo a convocação de todos os aprovados no último concurso e a contratação do previsto nos certames em andamento atenderiam à demanda.

O diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, disse ao G1 que negociava com o governo para que essas nomeações ocorressem de forma escalonada, entre maio e dezembro deste ano.

Fachada da 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal, que recebeu faixas alertando para o déficit no quadro da corporação (Foto: Raquel Morais/G1)Fachada da 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal, que recebeu faixas alertando para o déficit no quadro da corporação (Foto: Raquel Morais/G1)

“A gente não pode perder essa oportunidade porque são profissionais que já fizeram o curso, ou seja, houve investimento do Estado neles, e há necessidade. A gente entende que o governo Rollemberg pegou um estado com seríssimas dificuldades financeiras e precisa equacionar todo esse contexto de descontrole, só não podemos deixar a coisa acomodar”, declarou.

Junto ao quadro reduzido, a entidade enfrenta outro problema. Um levantamento feito pelo governo do DF aponta que 36% dos policiais civis tira um ou mais atestados médicos ao longo do ano.

O cálculo descarta licenças-maternidade e possíveis documentos falsos. Os dados levam em conta documentos dos anos de 2011 e 2012 e foram coletados a partir dos CPFs dos funcionários, para evitar duplicidade. A média de dias de afastamento é de 11. Os motivos mais frequentes são ansiedade e depressão.

Fonte: G1 DF

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