“É de enfeite?”, questionou Thamaris Carvalho de Souza, 18 anos, ao se referir às câmeras de segurança do Distrito Federal que não estão funcionando. A indignação da estudante veio acompanhada do sentimento de insegurança, assim que ela soube que, dos 508 equipamentos instalados, só 185 estão operando. Parte das câmeras sequer está ligada à rede de energia elétrica.
O problema, que apavora a população diante da violência, é ainda maior. Em nota, a Secretaria da Segurança confirma que, das dez centrais regionais de videomonitoramento previstas no projeto original, apenas duas estão funcionando. Foram gastos R$ 26,4 milhões com o contrato, dos quais R$ 15,6 milhões já foram pagos. O acordo vence em agosto e, portanto, terá que ser repactuado.
Plano inicial
Apresentado em 2012 e licitado em 2013, o projeto de videomonitoramento previa a instalação de 835 câmeras até o fim do ano passado. No entanto, após um diagnóstico preliminar, a Secretaria da Segurança criou um grupo de trabalho para a reformulação da iniciativa.
O grupo terá 30 dias para apresentar ações para o prosseguimento do programa, além de definir um calendário para que todas as câmeras comecem a funcionar. Hoje, os dois centros de monitoramento funcionam 24 horas e há equipamentos no Plano Piloto, Ceilândia, Samambaia, Taguatinga, Águas Claras, Recanto das Emas, Itapoã e Riacho Fundo I e II.
Entre as soluções para o problema, a secretaria destaca a “pactuação com outros órgãos para que a ligação das câmeras seja feita e as imagens sejam transmitidas para a central”. A pasta completa que “o plano de trabalho anterior não incluía essa medida, o que acabou atrasando a instalação dos equipamentos que dependiam de licenças de órgãos diversos”.
Secretário: “Não adianta só instalar”
Questionado sobre o assunto, o secretário de Segurança, Arthur Trindade, afirma que é difícil precisar o quanto os equipamentos influenciam na segurança da população. “Em geral, é claro que as câmeras são positivas. Mas não adianta só instalar, é preciso capacitar os profissionais e adquirir novos aparelhos mais modernos. É uma ação conjunta. É preciso articular uma série de ações para que o projeto dê certo”, conclui.
A estudante Thamaris Carvalho de Souza, 18 anos, lamenta a situação. “Eu me sinto desrespeitada, enganada. Não é que a população já esteja acostumada com essa condição de vítima, até porque temos que nos acostumar com o que é benéfico, mas já não nos surpreendemos mais. Vivemos em uma realidade de insegurança”, desabafa.
O taxista Marcos Vinícius Antunes Sampaio, 45 anos, também se queixa. “É um absurdo. Já não temos muita segurança e, quando temos algum recurso contra a violência, ele não funciona. eu saio para trabalhar sem saber se vou voltar para casa. O equipamentos não garantem a segurança, mas ajudam, nos deixam mais tranquilos”, diz.
Saiba mais
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, as câmeras que estão em funcionamento estão em Ceilândia, Samambaia, Plano Piloto e Itapoã. Nesta, dos 29 equipamentos instalados, apenas sete estão em operação. No Recanto das Emas e no Riacho Fundo I e II, são 115 câmeras, mas nenhuma está ligada. Segundo a pasta, o problema é consequência da ausência de energia da Companhia Energética de Brasília (CEB).
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília