Candidatas transformam derrota nas urnas em aprendizado

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Online e gratuitas, as aulas do projeto da A Tenda das Candidatas começam neste mês, para ressignificar a “derrota” e fortalecer as mulheres no próximo pleito

O projeto social A Tenda das Candidatas dá início, neste mês de novembro, à formação “Pós-Eleições Para Não Eleitas”, voltada para mulheres defensoras dos direitos humanos que se candidataram nas eleições de 2022, mas não tiveram votos suficientes para a vaga almejada.

Trata-se de aulas ministradas online, de forma gratuita, sobre diversos temas que abrangem a realidade de quem passou por essa experiência no último pleito, desde questões práticas (como auxílio para a prestação de contas da campanha) até situações mais complexas, como o apoio psicológico para vítimas de violências sofridas na disputa.

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As participantes do curso foram selecionadas em outubro para as vagas que priorizaram negras e indígenas, seguindo a diretriz do projeto social, de combater as desigualdades racial e de gênero nos cargos do Poder Legislativo e Executivo, pela inserção do público feminino na política. Na nova turma da formação, 76% são negras; 11,5%, indígenas; 11,5%, brancas; e 60%, LBTQIA+. Todas concorreram nas últimas eleições, pelos seus respectivos Estados, nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste do Brasil.

Os encontros do “Pós-Eleições” estão divididos em dois blocos, um durante este mês, e o próximo, de 23 a 27 de janeiro de 2023.

“Além de oferecer suporte psicológico, imprescindível para mulheres na política, vamos falar sobre estratégias de campanha, técnicas de oralidade e outras ferramentas para a construção de uma candidatura mais sólida e competitiva nas próximas eleições”, explica Hannah Maruci, uma das fundadoras da A Tenda das Candidatas.

Ela explica que, dessa vez, o número de vagas ficou limitado a 17 participantes a fim de garantir uma consultoria personalizada a cada participante da formação. “Após vivenciarem o exaustivo processo de campanha, muitas terminaram a disputa traumatizadas e desmotivadas a competir novamente. Por isso, essa formação também quer ressignificar essa experiência, transformando o sentimento de fracasso em uma postura de coragem para seguir em frente, desta vez, mais fortes e preparadas”, acrescenta a porta-voz.

Desde sua origem, em 2020, A Tenda das Candidatas atua diretamente para alavancar a representatividade de gênero e raça na política brasileira. Essa é a terceira temporada de formações, sendo que as duas primeiras abrigaram interessadas em disputar uma cadeira na Prefeitura ou na Câmara Municipal nas eleições daquele ano.

Na última formação, quase 600 mulheres defensoras dos direitos humanos se inscreveram para receber o treinamento para atuarem na política institucional ou trabalharem em campanhas eleitorais. Nas duas últimas eleições (2020 e 2022), as lideranças formadas pela Tenda das Candidatas já conquistaram 234.684 votos, resultando em 2 mulheres negras eleitas vereadoras, além de 15 suplentes (13 deputadas estaduais e 2 deputadas federais)!

A formação que está prestes a começar será, portanto, um pouco diferente. “Ao não abandonar as não eleitas, encorajamos as mulheres para os próximos ciclos eleitorais”, acredita Hannah.

Conta Desigual – A Tenda das Candidatas atua ainda na divulgação de estudos e análises sobre as desigualdades nas eleições, como fez na recente campanha “A conta não fecha”, quando denunciou a sub-representação de gênero e raça na política. Isso porque, as mulheres somam 53% do número de eleitores no País, mas são apenas 15% do Congresso, sendo apenas 15 mulheres num universo de 81 senadores. No universo de mulheres negras, elas representam 2,5% das cadeiras na Câmara dos Deputados e, no Senado, ocupam só 2 das 54 vagas na atual legislatura.

“A política eletiva tem uma estrutura de exclusão complexa que atua para expulsar mulheres, ao negar uma fonte de recursos que as impede de fazer uma campanha digna. Infelizmente, o fundo eleitoral no Brasil tem gênero e têm cor”, conclui.

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