Os dois partidos, que juntos somam 44 deputados, romperam com a aliança governista e anunciaram posição de independência na Câmara.
No dia em que assumiu o descontrole sobre a base aliada ao fazer um apelo público pela união de forças para tirar o país da crise, o governo sofreu duas baixas na Câmara dos Deputados que devem dificultar ainda mais a governabilidade. PTB e PDT romperam com a aliança governista e anunciaram posição de independência. Juntas, as bancadas dos dois partidos têm 44 deputados.
Pouco antes da rebelião dos aliados, o vice-presidente e articulador Michel Temer fez um pedido público de socorro ao Congresso Nacional. Temer falou em união de forças e disse que é preciso que todos se dediquem para resolver os problemas do Brasil.
Os dois partidos ocupam cargos no alto escalão. O PTB está à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), enquanto o PDT comanda o Ministério do Trabalho. Nos bastidores, fala-se que o PP, hoje no comando da Integração Nacional, também demonstra interesse em adotar a posição de independência. Em algumas matérias, a legenda já vem votando contra o governo.
O estopim para a saída de petebistas e pedetistas da base aliada se deu em reunião de líderes na tarde desta quarta-feira. Ao tentar barrar a projeto que aumenta o salário de algumas carreiras públicas, como a da Advocacia-Geral da União, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), irritou os deputados ao sugerir uma manobra que iria acabar inviabilizando a matéria. De forte apelo popular, a proposta tem o respaldo dos partidos aliados. “O governo apenas reage. Não trabalha o planejamento com o tempo nem o impacto das matérias”, disse um deputado que esteve no encontro, que relatou ainda a tensão entre os parlamentares.
Depois do anúncio do rompimento, Guimarães decidiu retirar o pedido de adiamento da votação da matéria para o fim do mês. E jogou sobre o Parlamento a culpa sobre um possível desajuste na economia causado pelo texto: “As responsabilidades são do Congresso, que não atendeu apelo do governo”, disse. O petista afirmou ainda que tentará recompor a base: “Temos de botar o pé na estrada. O ajuste agora é político”, continuou. Guimarães criticou a falta de fidelidade e sinalizou que pode haver trocas ministeriais entre os partidos que não acompanham o governo.
Fonte: veja.abril.com.br