Atenção! Novos programas também implicam em custos, muitas vezes sem qualquer previsão orçamentária.
Uma administração dinâmica está sempre criando novos programas. Ou surgem internamente, pela criatividade de seus membros, ou surgem como resposta a demandas sociais expressivas.
Programas sempre têm custo e precisam previsão orçamentária
Muitas vezes, estes novos programas resultam mais eficientes e populares do que aqueles anunciados na campanha. Destinam-se a atender áreas que estavam desatendidas ou a reformular programas existentes de desempenho insatisfatório.
Eles podem representar inovação, sensibilidade política, agilidade decisória e capacidade resolutiva de problemas. Como tal, são sinais visíveis de uma administração ágil, dinâmica e criativa, o que a qualifica perante os eleitores. Desde que…. produzam os resultados esperados, dentro dos prazos estipulados.
Novos programas também implicam necessariamente, em custos, muitas vezes sem qualquer previsão orçamentária que lhes dê cobertura.
Por estas razões, novos programas, para serem criados, devem atender a dois requisitos prévios e básicos:
existência de recursos, em quantidade suficiente, para que seja viabilizado;
critérios claros para medir desempenho e resultados.
Ao criar um novo programa na sua administração leve em conta que:
1. Você precisa ter recursos disponíveis para investir na sua criação, administração e operação;
2. Uma vez criado, forma-se em torno dele, uma coletividade que, ou depende dele, ou dele se beneficia, e que vai lutar pela sua continuidade, expansão e aperfeiçoamento (o que vai implicar em mais despesas);
3. Portanto, assegure-se de que, não apenas dispõe dos recursos para criá-lo, como para mantê-lo nos exercícios seguintes;
4. Na hipótese de ser um programa que, após o investimento inicial, tem condições de se auto-sustentar, antecipe com precisão, qual valor do investimento até o momento de seu autofinanciamento;
Algumas perguntas cruciais devem ser feitas, e respondidas de forma satisfatória, para que você se decida a criá-lo. Um exemplo de perguntas úteis para esclarecê-lo seriam as seguintes:
Qual o objetivo do programa?
Não aceite respostas vagas. Clareza no objetivo é o primeiro requisito para que venha a funcionar. Se a proposta não tiver uma clareza meridiana, quanto ao objetivo, interrompa a discussão e mande que o problema seja re-estudado.
Por que ele é necessário?
Quem o necessita? Muitos programas novos são propostos porque quem os necessita é o próprio staff. Identifique com esta questão qual a base social que precisa dos benefícios do programa, o quão organizada é, o quanto de mobilização ocorreu.
Por que a proposta só está sendo apresentada agora?
Deve haver uma razão para ser apresentada agora e não antes, ou depois. Conhecer esta razão é importante para o governante, como forma de identificar os motivos de quem propõe e o grau de urgência das necessidades de quem vai se beneficiar.
Quais os resultados específicos que se busca com o programa?
Com esta pergunta, aprofunda-se a questão dos objetivos. Agora o que se quer saber é quantificável, mensurável. Uma resposta boa e convincente neste item mostra que o staff conseguiu chegar ao plano operacional.
Novos programas devem acertar um alvo e ter resultados próprios
Quais os indicadores que serão usados para medir resultados?
Não basta ao governante saber os resultados específicos do programa. É preciso acordar também sobre os indicadores que vão medir os resultados, sem os quais o julgamento se torna subjetivo.
Quais os projetos alternativos que foram considerados
Sempre haverá mais de uma maneira de fazer as coisas. Quais os outros projetos que foram estudados, em que se diferenciavam do que atualmente se considera?
Por que eles foram descartados?
Com estas duas últimas perguntas, o governante amplia o espaço da sua liberdade de escolha. Ao discutir sobre outras alternativas ele está adquirindo uma visão mais completa do quadro, que de outra forma não teria, e que permitirá uma decisão mais segura.
Como será financiado o programa
O staff deve ser capaz de informar a origem dos recursos para financiar o programa. Sem esta informação tudo o mais perde sentido. A hesitação nesta informação é fatal ao projeto.
O custo proposto é o custo total ou vai exigir mais no futuro?
Com esta pergunta o governante visa evitar cair numa armadilha, na qual tem recursos para começar e não para concluir; ou tem para concluir, mas não para operar. Tais situações cobram um alto custo político, porque criam expectativas, naqueles que se beneficiariam do projeto, e que não podem satisfazer.
Como foi possível “levar as coisas” por tanto tempo sem ele?
Justificado o projeto por sua necessidade, demonstrado que pode ser executado, cabe fazer esta pergunta. A resposta pode apontar para a sua relevância e prioridade, como pode registrar a sua inconsistência e irrelevância. É forçar o raciocínio ao contrário.
O que vai acontecer se o programa não for criado?
Esta pergunta, combinada com a anterior, dá ao governante uma informação preciosa. Em primeiro lugar, ele é uma medida da real necessidade do programa. Em segundo lugar, ela permite medir a relação custo/benefício político da sua criação, já que enseja a comparação das vantagens de criá-lo com as desvantagens de não criá-lo. Combinada esta relação com o preço real e físico de sua implantação, o governante pode chegar a uma decisão racional e estratégica.
Há muitas outras perguntas que se pode conceber para testar a necessidade e viabilidade da criação de um novo programa. Você pode usar esta listagem de perguntas, acrescentar outras, remover algumas, mas, basicamente, não poderá se afastar muito do conjunto de questionamentos que elas conformam.
Entre outras vantagens, ao agir assim, você cria uma cultura de maior profissionalismo na sua equipe e ganha um critério importante para avaliar o desempenho e qualificação de seu staff.
Fonte: Política para Políticos