Agentes cumprem mandados em 8 regiões administrativas e no Entorno. Suspeitos de desvios de até R$ 100 milhões incluem deputada distrital.
Operação da Polícia Civil do Distrito Federal contra lavagem de dinheiro cumpre 36 mandados de busca e apreensão e 32 mandados condução coercitiva (quando o suspeito é levado à delegacia para depor) desde as 4h30 desta quinta-feira (30). As fraudes podem chegar a R$ 100 milhões, e a polícia suspeita que os valores eram usados no financiamento de campanhas políticas.
Entre os investigados estariam a deputada distrital Telma Rufino (PPL) e o ex-diretor do DFTrans e atual presidente do PPL, Marco Antônio Campanella. O G1 tenta contato com Campanella desde as 6h45 desta quinta. A polícia informou que ele já estava no Departamento de Polícia Especializada (DPE) às 7h30, mas não soube dizer se o depoimento já havia começado nesse horário.
O advogado da deputada, Eduardo Albuquerque, afirmou que Telma desconhece o motivo da operação e negou qualquer envolvimento dela com o DFTrans. “Ela não sabe nem do que se trata, não tem a menor ideia do que seja isso”, disse. “Nós temos que ter conhecimento do que se trata e, na delegacia, quando tivermos acesso ao inquérito nós vamos nos manifestar em público.”
Albuquerque disse que Telma não deve depor nesta quinta, porque tem prerrogativa para escolher a data para dar esclarecimentos, por ser deputada.
De acordo com Albuquerque, às 8h10 o delegado da Corf Gerson Sales estava na casa da deputada à procura de documentos. Ele chegou ao local às 6h com ao menos mais seis policiais e promotores do Ministério Público. Às 8h30, eles deixaram a casa da deputada com um malote e duas pastas supostamente com documentos (veja vídeo acima). Os policiais e promotores não deram declarações.
Segundo a Polícia Civil, também foram apreendidos documentos na casa de Campanella. Nas primeiras horas da operação, a polícia também recolheu carros de luxo e relógios que teriam sido comprados com parte do dinheiro desviado.
Em Águas Claras, policias faziam buscas em um bar onde funcionam outras duas empresas de fachada usadas no suposto esquema de corrupção, segundo a polícia. As duas empresas eram usadas na emissão de notas frias usadas para justificar gastos fraudulentos.
Operação
Os mandados são cumpridos pela Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, a Ordem Tributária e Fraudes (Corf) da Polícia Civil. A operação, batizada de Trick, é realizada por 220 policiais civis em oito regiões administrativas (Águas Claras, Vicente Pires, Samambaia, Gama, Sobradinho, Taguatinga, Riacho Fundo, Ceilândia), na Asa Norte e em três cidades do Entorno (Novo Gama, Valparaíso e Santo Antônio do Descoberto).
As investigações levaram 19 meses até chegar a 55 empresas fantasmas que pegavam empréstimos com o Banco do Brasil que variavam de R$ 800 mil a até R$ 1,4 milhão. Depois que o dinheiro entrava na conta, os suspeitos simulavam compras e usavam notas fiscais frias para comprovar os gastos. Outras 19 empresas regulares são suspeitas de emitir as notas fiscais para o grupo criminoso.
Fonte: G1 DF