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Tornar-se refém de uma promessa irrealizável

Este é um alerta válido para qualquer tipo de governante. É um dos mais perigosos e letais erros cometidos durante um governo.

Nesta altura já é muito tarde para alertá-lo a evitar fazer promessas irrealizáveis. No calor da campanha, na busca por aqueles votos indispensáveis à vitória, é muito difícil ao candidato, recusar-se a fazer aquela promessa que vai ao encontro do que os eleitores desejam, seja ela mais ou menos possível de realizar.

“Objeto de desejo” do eleitorado pode virar promessa impossível

É muito difícil porque, muitas vezes, durante a campanha, “surge” uma ideia, que, sendo popular, não é contestada por ninguém e fica à mão para ser abraçada por uma candidatura. Frente a esta situação os candidatos ficam numa posição frágil.

Como a ideia torna-se rapidamente um “objeto de desejo”, opor-se à ela é cortejar a impopularidade certa e adotar uma atitude cautelosa, do tipo “a ideia é boa, mas precisa ser mais estudada”, o que pode parecer uma forma habilidosa de não se comprometer com ela.

O problema é agravado pelo fato de que logo um dos candidatos, sem maiores preocupações, incorpora a ideia e com ela identifica sua candidatura. Diante de uma situação como esta, os demais candidatos não têm outra alternativa a não ser adotá-la também.

Na medida em que todos os candidatos se comprometem com a ideia, ela é neutralizada como argumento eleitoral. Outras vezes, é um dos candidatos que tem a “ideia genial” e compromete-se com uma medida que ele sabe ser popular, sem dar-se ao trabalho de estudar previamente a sua viabilidade.

As consequências são as mesmas nos dois casos. Ganhando a eleição, aquela promessa ressurge como um pesadelo. Consultados os auxiliares e funcionários, evidencia-se com dados e números que a promessa foi além das possibilidades de execução. Que fazer diante de uma situação como esta?

Apostar que as pessoas não vão dar grande importância, e que, no final das contas, vão acabar esquecendo-se ou relevando, porque se você não cumpriu aquela promessa, cumpriu outras

Muitos políticos, por absoluta ojeriza à possibilidade de retratação pública, ou incapacidade de reconhecer erros publicamente, preferem esta saída. Dão-se mal, invariavelmente, porque:

As pessoas normalmente não esquecem; se esquecerem, seus adversários na próxima eleição vão se encarregar de refrescar a memória do eleitorado.

Fica comprovado que você enganou os eleitores, mentindo para se eleger. Fique certo que este será o tema que vai persegui-lo na próxima eleição.

Na medida em que você nem cumpre a promessa, nem dá explicações, as pessoas vão buscar uma explicação. Pode estar certo que a explicação que vão encontrar lhe será sempre negativa: você não cumpriu para agradar”certos” interesses ou porque usou o dinheiro para outras coisas.

Reconhecer publicamente seu erro, por ter-se comprometido com um projeto, sem ter todas as informações sobre sua viabilidade

É melhor admitir que a promessa é impossível no início do mandato ou ela vai explodir na eleição

Esta saída é o oposto da primeira: reconhecer logo o erro a fim de retirá-lo da pauta de discussão e impedir que ele seja usado na próxima campanha contra você. Reconhecendo logo, você está “sacando” do seu capital político inicial, que deve ser grande; também você consegue tirar da pauta de discussão, porque, ao lado desta matéria, inegavelmente negativa, você terá muitas outras positivas a divulgar; finalmente, você também estará dando uma demonstração de sinceridade e honestidade.

Reconhecer logo não significa imediatamente, tão logo assumiu o poder. Você deve esperar algum tempo, pelo menos um mês, para fazer este reconhecimento. Apesar de tudo isto, você sofrerá um desgaste político. É inevitável. E no início de seu mandato.

É para evitar este desgaste, no início do mandato, que muitos governantes optam pela primeira saída, que, como vimos, é a pior de todas. Você tem que aceitar que, feito o erro na campanha, você terá que pagar por ele. Ou aceita o desgaste de início, contando com 4 anos para compensá-lo, ou aceita o desgaste futuro de fim de governo e da próxima campanha. Não tem como escapar do desgaste: ou um ou outro.

Dentre os dois, é preferível o primeiro porque você reconstitui sua relação com seus eleitores na base da verdade, fica livre daquele “estigma”, dá prova de sinceridade e coragem e “desativa” a bomba de efeito retardado preparada para explodir na próxima eleição.

Você decide sacrificar outros projetos do seu governo para se concentrar na realização daquela promessa

Esta é a terceira saída do problema. É a saída heroica. Somente cabe adotá-la naquelas condições em que a promessa feita trate de matéria de tal importância que justifique o sacrifício de outros projetos por ela. Mesmo assim, você não vai conseguir resolvê-la completamente. Mas vai conseguir, talvez, ao fim de seu mandato, um avanço considerável para mostrar aos eleitores.

Como nas demais, há também um desgaste. O desgaste político de ter abandonado ou dado pouca importância a outros projetos. De certa forma, você troca o não cumprimento de uma promessa pelo cumprimento precário de várias outras, ainda que não tão relevantes.

Nesta situação você também corre o risco muito sério de, mesmo concentrando seu governo na realização daquela promessa, chegar ao fim do mandato sem obter grandes resultados, ou sem que a população perceba os resultados conquistados. Entretanto, se a promessa é, sem controvérsias, nitidamente prioritária para os eleitores, o sacrifício pode ser justificado e você poderá sair vitorioso de seu mandato.

O exemplo mais comum e frequente de opção por esta saída ocorre quando a questão central, no sentimento da população, é a da segurança pública. Há situações em que as pessoas podem aceitar, de bom grado, a redução ou postergação de projetos em troca de uma concentração da ação do governo na segurança pública que produza resultados visíveis.

De qualquer forma, não aceite, em hipótese alguma, tornar-se refém de uma promessa irrealizável. É um dos mais perigosos e letais erros cometidos por um governante.

Evite a primeira saída, porque ela não é uma saída, e, depois de uma cuidadosa e inteligente análise de situação, escolha entre a segunda e a terceira saída. Como regra geral, a segunda sempre será a preferível, porque envolve menos riscos e preserva mais a integridade de seu projeto de governo.

Fonte: Política para Políticos

Ataques

Os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB/DF) e Cristovam Buarque (PDT/DF) enviaram na tarde de ontem um ofício ao Tribunal de Contas do Distrito Federal. O objetivo é que o contrato assinado entre a Terracap e a empresa de consultoria Jurong Consultants, sediada em Singapura, no valor de R$ 8,6 milhões, seja cancelado. Os senadores pedem que o TCDF tome as providências no sentido de que, enquanto não forem realizados o indispensável debate democrático e o exame jurídico suficientemente aprofundado, seja imediatamente suspensa a execução contratual, e sustado qualquer pagamento de recursos por parte do GDF. “O contrato é um absurdo, na forma e no conteúdo”, disse Rollemberg.

Fonte: Livio di Araújo

PO no DEM

O ex-vice-governador do DF, Paulo Octávio, está de volta ao DEM. Segundo fonte da coluna, PO voltou a se filiar no partido, de onde estava licenciado desde a Operação Caixa de Pandora. A notícia foi confirmada ontem pelo presidente do partido no DF, Alberto Fraga. “Assinei a ficha dele e tenho toda a confiança de que ele pode fazer a articulação necessária para oxigenar o DEM”, disse. Paulo Octávio, como já publicou a coluna, é candidato nas eleições de 2014. Mas não deverá pensar em disputa grande (Governo ou Senado), inicialmente. Muito provavelmente, será candidato a deputado federal ou até mesmo a distrital.

Pela coluna, Fraga foi instigado a explicar o que seria “oxigenar” o partido. Não demorou para que o polêmico ex-secretário de Transporte disparasse: “O DEM, mesmo com todas as perdas, ainda vive e com grande potencial. Quem queria sair, saiu. Saíram os que estavam apenas interessados em cargos”.

Fonte: Livio de Araújo

Vai ter que esperar

Conforme já noticiado pela coluna na semana passada, o ex-governador José Roberto Arruda vai ter que esperar mais um pouco se quiser ser candidato nas próximas eleições. Isto é, se conseguir. Ons e Offs publicou que as contas de 2009 do ex-governador estavam paradas no Tribunal de Contas do DF, com grandes chances de serem rejeitadas. Pois ontem, por maioria de três votos, o plenário do TCDF decidiu sobrestar a análise das contas do ex-governador que, sem tê-las aprovadas, não poderá ser candidato nas próximas eleições. Ou seja…

Fonte: Coluna ONs e OFFs – Lívio di Araújo

Oposição?

Presidente do DEM-DF, Alberto Fraga acredita que o Governo Agnelo não tem oposição no Distrito Federal. “Que oposição? As três oposicionistas da Câmara Legislativa não fazem oposição. Uma pena”, disparou Fraga.

Fonte: Coluna ONs e OFFs – Lívio di Araújo

Valério oferece delação premiada ao STF e diz correr risco de vida

A Procuradoria Geral da República terá que decidir o que fazer com um ofício que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro, assinado por advogados do operador do mensalão, Marcos Valério, sugerindo a delação premiada – quando o réu pode colaborar com a Justiça contando mais detalhes do crime em troca de benefícios. No documento, a defesa também afirma que Valério está correndo risco de morte e, por isso, deveria ser incluído na lei de proteção a testemunhas. Para o presidente do tribunal, ministro Ayres Britto, uma eventual delação de Valério não mudaria nada no atual processo do mensalão, pois a investigação terminou. – Na minha opinião, a esta altura, não (influencia). Mas o relator (Joaquim Barbosa) é quem vai se pronunciar – disse Ayres Britto. Em conversas reservadas, três ministros do STF também afirmaram que, nesta fase do julgamento, um novo depoimento não altera em nada o processo. No entanto, poderia afetar processos derivados do mensalão a que Valério e outros réus respondem em outras instâncias do Judiciário.

Fonte: Congresso em Foco

Sem desculpas para acabar com 14º e 15º

A bola está com a Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara e a desculpa de falta de quórum para votar a proposta que acaba com o 14º e o 15º salários de deputados e senadores não serve mais. Mesmo em meio à ressaca das eleições e em véspera de feriado, 422 deputados estiveram oficialmente no plenário ontem, dos quais 53 são integrantes da CFT. Ou seja, o número de parlamentares presentes em Brasília é mais do que suficiente para votar hoje de manhã, às 10h, o projeto que acaba com os extras dos congressistas.

Para garantir o quórum mínimo de 17 presentes, o presidente da CFT, Antônio Andrade (PMDB-MG), entrou em contato com todos os 66 integrantes da comissão, incluindo os suplentes, para pedir que não faltem à sessão. O objetivo é evitar que se repita a cena ocorrida no último encontro, quando o líder do PSD, Guilherme Campos (SP), pediu a verificação de quórum ao ver que o tema dos salários extras seria votado, o que derrubou a reunião porque havia poucos parlamentares na sala.

A pauta da comissão tem hoje 58 propostas a serem analisadas. Para a votação do projeto de decreto legislativo que acaba com a mordomia histórica, é preciso haver um requerimento de inversão de pauta para que ele figure no topo da lista, como fez na última reunião o relator, Afonso Florence (PT-BA). “Apresentarei de novo, se for necessário, para que votemos esse tema o quanto antes e viremos logo essa página na Câmara”, comenta o deputado.

Fonte: Congresso em Foco

Contas de Arruda foram sobrestadas

Por maioria de três votos, o plenário do Tribunal de Contas do DF (TCDF) decidiu na tarde desta terça-feira (30/10) sobrestar a análise das contas do ex-governador José Roberto Arruda referentes ao exercício de 2009.

Dois conselheiros, Anilcéia Machado e Manoel de Andrade, seguiram parcialmente o voto do relator do caso, Inácio Magalhães, que votou pelo sobrestamento da análise das contas até o julgamento no STJ da ação penal 707, referente à Caixa de Pandora.

A diferença é que Anilcéia e Manoel acham que a suspensão deve referir-se ao desfecho dos processos da Pandora que correm no próprio Tribunal de Contas. Prevaleceu a opinião dos dois.

Renato Rainha votou pela rejeição das contas de 2009 e foi acompanhado pelo recém-chegado Paulo Tadeu, ex-deputado federal pelo PT.

Na época em que era distrital, Tadeu foi o relator da CPI da Codeplan, criada em função da Operação Caixa de Pandora e cujo relatório final pedia o indiciamento de 22 pessoas, entre as quais Arruda.

O conselheiro Paiva Martins votou pela aprovação das contas de 2009. Com um voto pela rejeição, outro pela aprovação e três pelo sobrestamento, prevaleceu a vontade da maioria e o tema das contas de 2009 volta ao plenário só depois que os processos da Pandora no TCDF – segundo a assessoria de imprensa do Tribunal são 55 ao todo – estiveram julgados.

No caso das contas de 2010, que começaram a ser julgadas em 11 de outubro, houve um pedido de vista do conselheiro Paulo Tadeu.

O fato ocorreu depois que o advogado de Arruda, ex-desembargador Edson Smaniotto, pediu à presidente do TCDF, Marli Vinhadeli, 5 minutos para fazer nova sustentação oral, voltada a Paulo Tadeu, uma vez que ele entrou para a Corte com o processo em andamento e não participou das primeiras sessões sobre o caso.

Marli Vinhadeli cedeu a palavra a Smaniotto, mas Paulo Tadeu preferiu ter acesso a todo o processo. Em algumas semanas, ele devolverá o caso para o plenário, quando dará sua opinião sobre as contas de Arruda e de Paulo Octávio não mais como deputado de oposição, mas falando como conselheiro.

Com o processo sobrestado não há decisão, sem decisão não chance de aprovação ou rejeição das contas, o que, nesse último caso, resultaria em condenação. Se esse cenário do sobrestamento se estender até 2014, no que depender das contas, Arruda estaria liberado para se candidatar, já que legalmente não existe impedimento.

Fonte: Blog da Lilian Tahan

Evite a reputação dos defeitos que o fariam perder o poder – Maquiavel

Para Maquiavel, o que o governante deverá evitar é ser “odiado” ou “desprezado”.

Há dois tipos de reputação que qualquer pessoa com poder deve evitar a todo o custo, tanto nos tempos de Maquiavel, quanto nos dias atuais: ser odiado e ser deprezado. Maquiavel vai ao ponto de afirmar que, se o príncipe consegue evitar estas marcas na sua reputação, os demais defeitos que possa ter não ameaçam o seu poder.

Governante não pode e nem deve ser odiado ou desprezado

Ser odiado

O realismo político de Maquiavel sempre distingue o efeito das ações dos governantes sobre os muitos (que são os pobres, simples, sem ambições políticas) e os poucos (que são os ricos, aristocratas, os que buscam o poder, os que têm meios de conspirar contra o príncipe). Embora uma divisão grosseira da cidadania, esta divisão com a qual Maquiavel trabalha ainda é válida e usada até hoje, quando segmentamos o eleitorado de acordo com critérios sócio-econômicos.

Segundo Maquiavel, o que o governante deverá evitar é ser “odiado”. Atenção, é preciso valorizar as palavras, ele não está falando em ser impopular, antipático, adversário, etc. Trata-se de um sentimento muito mais forte, cristalizado, que é ordinariamente dirigido contra os inimigos. Este é o sentimento que o governante deve evitar que seus súditos tenham em relação a ele.

Ao apresentar as razões pelas quais os súditos adquirem ódio pelo governante, aparece novamente – sob a linguagem da época – a modernidade da análise de Maquiavel. Não é por pouca coisa que os súditos desenvolvem ódio. É preciso que o governante use seu poder para afetar direta e negativamente a vida individual das pessoas. É o “foco emocional” sobre o qual já se falou aqui.

É preciso que ações políticas e administrativas “penetrem” a vida pessoal e familiar do indivíduo, de forma negativa ou positiva, para que ele estabeleça um vínculo forte com o mundo político, tão óbvio que, mesmo pessoas que não acompanham a política, sejam forçados a dela tomar conhecimento.

Assim, um governante torna-se odioso quando, por sua rapacidade e ganância, “usurpar a propriedade e as mulheres dos seus súditos”, em outras palavras, atacar e saquear a propriedade, os bens e a honra dos súditos.

Este o erro fatal que conduz ao ódio: ingressar no espaço da vida pessoal das pessoas como um usurpador a assaltar os bens, os meios de vida, e a honra das pessoas comuns. Se evitar fazer isto a maioria dos súditos sentir-se-á feliz (já que para Maquiavel o que o povo realmente deseja é “não ser explorado pelo governo, ser deixado em paz”), e o governante terá que preocupar-se apenas em combater a ambição dos “poucos”, que, por serem poucos, podem melhor ser vigiados.

Ser desprezado

Para Maquiavel, o governante é considerado desprezível quando se mostra volúvel, frívolo e tímido

Para Maquiavel, o governante se torna desprezível quando passa a ser percebido como volúvel, frívolo, tímido e irresoluto.

Um governante deve evitar esta imagem a todo o custo, e suas ações devem aparecer para os seus súditos como exemplos de: “…grandeza, espírito, gravidade, e força, e, uma vez tomadas suas decisões, garantir que são irrevogáveis, de forma a que não se imagine que ele possa ser persuadido a mudá-las”.

O governante que criar esta imagem de si mesmo (respeito pelos seus súditos, e força e firmeza nas suas decisões) adquire uma reputação muito poderosa. Torna-se então muito difícil conspirar contra ele (ou opor-se a ele) já que possui uma grande reputação positiva, e ele dificilmente será atacado (desafiado)em seu poder, na medida em que se sabe que é competente e respeitado pelo povo.

O governante sempre terá, potencialmente, dois perigos que deve temer: o externo e o interno. As forças externas, Maquiavel adverte, são enfrentadas com boas armas e bons amigos, e, com seu frio realismo acrescenta: “E quem tem boas armas sempre terá bons amigos…”. Já com relação às forças internas, ou são os poucos que o ameaçam ou são os muitos. Os poucos, com o respaldo popular, e com sua competência e atenção, pode sem maiores dificuldades conter e derrotar.

Com relação aos muitos, entretanto, “um dos remédios mais potentes que o príncipe possui contra as conspirações é não ser odiado por seu povo, nem desprezado. Pois aquele que conspira sempre confia que a derrubada do governante vai trazer alegria e satisfação ao povo (os muitos). Se, entretanto, ele imaginar que, ao contrário, sua ação contra o governante vai ofender ao povo, ele não vai se expor ao risco de tentar derrubá-lo”.

O governante sábio, portanto, nem permite que os nobres sejam levados ao “desespero”, nem se atreve a ofender o povo, a roubá-lo de seus bens e atingir a sua honra. Nada mais perigoso para um governante, pois, que a reputação de desprezível e o sentimento de ódio do povo em relação a ele.

Fonte: Política para Políticos

A imprensa escrita ainda tem utilidade na campanha?

Com o advento da mídia eletrônica, o texto escrito foi ultrapassado pelo rádio e pela TV como instrumento de propaganda eleitoral. Mas não se pode esquecer que o jornal, agora, está na internet.

Esta é uma pergunta que, formulada há mais que 20 anos, pareceria descabida e despropositada. Ao longo da maior parte da história política no mundo inteiro, o texto escrito sempre foi o veículo de comunicação e propaganda mais eficiente e mais usado.

O jornal perdeu espaço para o rádio e TV, mas está na internet

Em épocas sem rádio, sem televisão e sem internet, os recursos de comunicação e propaganda política estavam restritos ao texto escrito. Além da palavra falada em comícios e reuniões. Com o advento da mídia eletrônica, o texto escrito, sobretudo a imprensa, foi eclipsado, passando a ocupar, nos dias atuais, uma posição de marcada subalternidade como instrumentos de propaganda eleitoral.

Isto se deveu ao fato de que os jornais – unicamente impressos – careceram de algumas características importantes para a campanha eleitoral, que abundam nos meios eletrônicos: a instantaneidade, a flexibilidade, o potencial de dramatização, o acompanhamento in loco do evento, e – mais do que tudo – o seu imenso poder de penetração na população.

Mas, mudanças estão acontecendo nesse cenário. O jornal já está aumentando a sua importância como mídia eleitoral. Há vários fatores que concorrem para o ressurgimento do jornal como mídia para cobertura da campanha e para a propaganda eleitoral :

1. Disponibilidade de espaços

Contrariamente à TV e ao rádio, o jornal pode abrir espaços generosos para a publicidade e para a cobertura da campanha. Uma campanha necessita às vezes de espaços maiores do que os disponíveis na mídia eletrônica, para apresentar sua mensagem, suas propostas, a pessoa do candidato, e para defender-se de acusações. O jornal pode atender a esta necessidade, seja como publicidade, seja como entrevista, seja como matéria própria. Além disso, na fase final da campanha, o jornal readquire sua importância. Nesta fase, os espaços de propaganda em TV e rádio ou são insuficientes para o esforço final da campanha, necessitando o reforço dos jornais, ou está proibida (últimos dias) e resta apenas a mídia impressa como veículo.

2. A imprensa e os formadores de opinião

Sabemos, por pesquisas feitas ao longo de 5 décadas, que a comunicação política atinge ao eleitor comum de duas formas: diretamente, ou por via de “líderes de opinião”. A maioria das pessoas tem um interesse reduzido pela política e pouco tempo disponível para acompanhá-la de perto. Estas pessoas usam de “mapas e atalhos cognitivos próprios” próprios para formar sua opinião e chegar a uma decisão de voto.

Um destes “atalhos” é o líder de opinião, isto é, uma pessoa interessada e informada em política na qual ela confia, e cuja autoridade para interpretar o quadro político. Este “atalho” permite-lhe atualizar-se, sem gastar muito tempo recolhendo e processando pessoalmente as informações relevantes. O eleitor comum não lê os jornais todos os dias, mas o líder de opinião lê. Atingir este líder de opinião é um dos objetivos mais buscados numa campanha moderna. O certo é que, além de TV e rádio, este personagem lê jornais.
3. A mídia impressa pode ser segmentada

A mídia impressa não é mais uma exclusivamente uma mídia de massas. A tecnologia moderna viabilizou as campanhas a alcançar audiências segmentadas com o jornal. Não é uma segmentação tão precisa quanto pode ser aquela atingida pela mala direta, ou por telemarketing, mas é uma segmentação útil. Edições regionais ou inserções regionais, veículos com compromissos temáticos (p. ex. ecologia, cultura, crime etc) são exemplos de segmentações adotados pelos veículos e que podem ser explorados pela campanha.

O eleitor tende a acreditar e fixar mais o que lê no jornal impresso

4. O uso da matéria impressa na TV

Uma vez publicada a matéria ela torna-se documental. O eleitor desprevenido tende a acreditar no que vê impresso nos jornais. Todas as campanhas por TV, assim como os candidatos em debates, utilizam largamente matérias impressas (sobre si mesmo ou sobre seus adversários) como documentos para provar um ponto de argumentação. Manchetes, fotos, trechos da matéria que são destacados para leitura no video, são alguns exemplos de técnicas usadas na TV para documentar argumentos.

5. Crescente agilidade

Mesmo antes de estar na internet, os jornais tornaram-se muito mais ágeis do que costumavam ser. Podem dar respostas muito mais rápidas do que antes, aos fatos políticos. Além disso, edições especiais, páginas insertadas, podem também ser produzidas em poucas horas. A crescente qualificação do eleitorado também é um fator que conta na recuperação da importância da mídia impressa. Não se deve esquecer que a TV é uma “mídia de manchetes” , de notícias curtas e comentários breves e superficiais. Já o jornal tem a seu favor a possibilidade de conferir à cobertura política profundidade.

6. A imprensa como “pauteira” da mídia

Exatamente por dispor de espaços generosos para desenvolver uma matéria, com fotos, gráficos, caricaturas, a imprensa consegue pautar as demais mídias em grande medida. As matérias impressas e que aparecem pela manhã, passam a ser “pautas” para as demais mídias repercutirem durante o dia. Neste sentido, quem consegue criar fatos na imprensa, tem assegurada a repercussão daqueles fatos no trabalho das outras mídias. Na atual campanha presidencial no Brasil, tornou-se uma rotina as revistas de fim de semana pautarem o trabalho de todas as mídias durante a semana seguinte. Todas as denúncias e acusações que “decapitaram” candidatos à Presidência, e à vice-presidência, foram primeiro veiculadas, com abundância de detalhes (o que não poderia ocorrer com a TV), naqueles veículos da mídia impressa.

7. A imprensa como “termômetro” da campanha

Os veículos de mídia impressa são os divulgadores por excelência das pesquisas de intenção de voto, afetando não somente a ação dos candidatos como, no caso brasileiro atual, o próprio mercado. Veículos de TV também patrocinam e divulgam pesquisas, mas, neste caso, os jornais levam vantagem. Em primeiro lugar porque a produção da pesquisa leva um tempo que é previamente conhecido, permitindo a todos, jornais e TV, competirem em condições de maior igualdade, por sua divulgação pública. Em segundo lugar porque se o jornal publicou pela manhã a TV e o rádio vão repercutir durante o dia e a noite. Em terceiro lugar porque no jornal haverá mais espaço para análise e interpretação mais aprofundada dos resultados, com o acompanhamento de gráficos e fotos.

8. O jornal está na “rede”

Hoje, o jornal pode ser acessado, a qualquer hora, em qualquer lugar, pela internet, através de PCs, notebooks, tablets, Ipads e celulares. Os sites das empresas jornalísticas são permanentemente atualizados e trazem – de graça ou mediante assinatura – a edição impressa disponível para o leitor. Tudo que sai no jornal que está nas bancas, está também na internet e tudo, inclusive as propagandas políticas, vão ser vistas por quem acessar o jornal online.

Fonte: Política para Políticos

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